quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

GENTE QUE BRILHA



Madalena de Jesus...

Desde jovem foi decidida, guerreira, uma vida de muita luta e vitórias! Como jornalista é uma referência. Como mãe, impar. Como professora, excelente. Como amiga, autêntica, sincera, solidária! Como mulher, uma chama. Pessoa alegre, justa, competente, um símbolo do jornalismo de Feira de Santana. Reverenciar Madalena de Jesus é fazer justiça a sua biografia recheada de bons exemplos. É aplaudir suas conquistas; é ressaltar sua vida de desafios e realizações. É enaltecer a grande profissional, apesar de pequena na estatura,  rica de valores. É aplaudir sua linda história. No jornalismo, o dignifica com mil virtudes e qualidade raras. Incluir Madalena de Jesus na galeria de pessoas especiais é, na verdade, cumprir um dever de colocá-la entre aqueles que são “GENTE QUE BRILHA”, e, ela, como das mais cintilantes “estrelas” dessa galeria de “astros” de imenso fulgor, que estamos a homenagear, neste 2014,  quando completamos 40 anos de jornalismo, seguindo as pegadas dela e de tantos outros nobres, da profissão.

Oydema Ferreira

(Texto publicado na coluna do jornalista Oydema Ferreira, no Jornal Folha do Estado, edição de 26.02.13)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

MENINA DESCALÇA



Apagou do livro todos os personagens.

Não quer a menina descalça
chamando da porta. Nem a moça confusa
imersa no rio. Ou essa ou aquela
em qualquer idade.
Apagou-as todas sem dó, nem burburinho

E foi sentar-se à brisa no final da tarde.

Anne Cerqueira
2008


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

TOINHO CAMPOS INTERPRETA LULU SANTOS NA CIDADE DA CULTURA




Quem nunca se emocionou ouvindo “Um certo alguém”, se deixou levar pelos acordes cadenciados de “Como uma onda”, ou ainda ensaiou alguns passos com o grande sucesso tema da novela “Dancin Days”? Pois é. No dia 14 de março, a partir das 21h, o cantor e compositor Toinho Campos e banda apresentarão na Cidade da Cultura, sucessos conhecidos em todo o Brasil na voz de Lulu Santos.

Fã incondicional do cantor carioca, que se destacou nas duas edições do The Voice Brasil pelo alto nível de conhecimento musical, Toinho Campos faz do show uma bela homenagem a Lulu Santos. Esta será a segunda vez que ele interpretará sucessos do ídolo na Cidade da Cultura. “As suas músicas são poesia, a sua voz é gostosa e a sua presença de palco é fantástica”, justifica o cantor feirense.

O repertório do show intitulado “Toinho Campos interpreta Lulu Santos” é composto por mais de 40 músicas. A seleção não seguiu um critério específico, mas simplesmente o gosto musical do cantor, que espera repetir o sucesso da apresentação anterior. O espaço Cidade da Cultura fica localizado no Conjunto João Paulo II, em Feira de Santana.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

VIDA




Já perdoei erros quase imperdoáveis,
Tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também já decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
Já dei risada quando não podia,
Já fiz amigos eternos,
Já amei e fui amado, mas também já fui rejeitado,
Já fui amado e não soube amar.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
Já vivi de amor e fiz juras eternas, mas "quebrei a cara" muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
Já liguei só pra escutar uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,

Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e...tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo) Mas sobrevivi!

E ainda vivo!
Não passo pela vida...
e você também não deveria passar. Viva!

Bom mesmo é ir a luta com determinação,
Abraçar a vida e viver com paixão,
Perder com classe e vencer com ousadia,
Porque o mundo pertence a quem se atreve
e A VIDA É MUITO para ser insignificante.

Charles Chaplin

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

AEROPORTO OU RODOVIÁRIA?



Artigo de José Roberto de Toledo, publicado hoje, 10.2.2014, no jornal Estado de São Paulo


Uma professora-doutora da universidade da elite do Rio de Janeiro fotografa homem de bermuda e camiseta regata que vislumbrou no Santos-Dumont, e estampa-o no Facebook, sob a indagação: "Aeroporto ou rodoviária?". Nos comentários, compara seus trajes ao de um estivador e arremata: "O pior é que o Mr. Rodoviária está no meu voo. Ao menos, não do meu lado. Ufa!".

Outros integrantes da primeira classe acadêmica carioca se solidarizam nos comentários. "Esse tipo de passageiro fica roçando o braço peludo no seu porque não respeita os limites do assento." "O glamour de voar definitivamente se foi." "Isso é só uma amostra do que tenho visto pelo Brasil." Sem perceber a autoironia, outra escreve: "O bom senso ficou em casa".

João Santana não poderia sonhar com melhor roteiro de propaganda eleitoral gratuita e espontânea nas redes sociais. A máquina petista sacou a oportunidade e bombou a história através do perfil "Dilma Bolada", no Twitter. Epidemia instantânea na rede.

Em 24 horas, a longeva carreira acadêmica da professora-doutora especializada em "português como segunda língua" estava relegada à décima página de resultados da busca pelo seu nome no Google. A primeira centena de links leva à história do Mr. Rodoviária - que se identificou e fala em processo. Mínima parte cita o envergonhado pedido de desculpas da professora-doutora.

O episódio é fascinante sob qualquer ângulo que se queira olhar. O mais óbvio é o efeito Big Brother. A sensação que o internauta tem de penetrar um círculo fechado e descobrir o que as pessoas realmente pensam e são capazes de dizer quando se acham dispensadas do politicamente correto e da mínima cortesia.

Soa exagerado de tão cru. Se fosse cena de novela, seria forçada demais e perderia credibilidade. Mas, como os personagens têm nome, cargo e página no Facebook, o exagero vira revelação: "Ah, é isso que eles acham". Cai-se no estereótipo oposto. Se o emergente parece estivador, é peludo e ultrapassa os limites, a elite é demofóbica, cruel e segregacionista - sem exceções.

Talvez alguns dos personagens tenham escrito o que escreveram por pressão social, por vontade de ser aceito no grupo, de pertencer. Afinal, se o reitor e a doutora estão dizendo, essa só pode ser a norma, "a coisa certa" a fazer. É outro aspecto surreal da história: supostos guardiões da alta cultura disseminam e endossam preconceitos que deveriam combater.

Destila ainda do episódio uma ingênua nostalgia. A crença numa fantasia comercial. "Glamour de voar?". Um voo de carreira é das experiências mais desagradáveis que há: fila de check-in, fila para despachar bagagem, fila para passar no raio X, fila para embarcar, para pegar a mala. Horas confinado em espaço apertado, respirando ar seco e, quando há, comendo comida requentada.

O tal glamour só existiu nas propagandas e nos filmes destinados a convencer o público de que pagar caro por horas de tormento é um privilégio. Poderia a elite intelectual sentir falta de algo que jamais existiu? Ou a nostalgia é uma metáfora? Será saudade de quando as divisões sociais eram claras, os espaços públicos eram exclusivos e as distâncias entre classes, intransponíveis?

Uma parte importante da sociedade brasileira incomoda-se com a novidade de um mercado de massa que nivelou o jogo via acesso quase universal ao consumo. Os incomodados não são os super-ricos, que continuam inalcançáveis. A aproximação dos que vêm de trás perturba quem já estava no meio e se sente igualado ou até superado por quem chegou agora e já quer sentar na janelinha.

Raras vezes esse conflito apareceu tão explícito quanto no caso da professora-doutora e seu Mr. Rodoviária. Mas a raridade tende a desaparecer mais rápido do que o glamour de voar. Como o mesmo episódio demonstrou, expor contradições e explorar divisões dá voto. Rodoviária e aeropor

domingo, 9 de fevereiro de 2014

ESTRADA DO TEMPO



Egberto Costa, jornalista, escritor e poeta

Vou pegar a bagagem da saudade e colocar na mala da vida, para poder caminhar pelas estradas do tempo, onde antes não se pensava ir.

Em cada dobra haverei de encontrar as lembranças, as tristezas, as saudades e a sua presença. Não vou em busca de ódios e não os quero. O tempo haverá de servir para guardar o que ficou de bom.

A bagagem vai recheada. Levará pedaços de vida, recortes de amores perdidos, trapos de desilusões. A mala irá pesada, vai ser difícil carregá-la sozinho. É possível parar, na caminhada, e descansar um pouco. Na próxima curva poderei achar quem queira carregar esta bagagem comigo.

A minha estrada vai se confundir nas imensidões das outras para se tornar iguais as demais. Haverei de encontrar outros caminhantes em busca do mesmo objetivo. Vai chegar o tempo de não mais ser o centro das atrações. Torna-me-ei um anônimo na multidão e sobre minha cabeça não cairão mais as iras dos ameaçados. Não vai ser mais preciso buscar os olhos como resposta, a ninguém interessará tais detalhes.

Aí então chegou o momento de parar. Visto que não haverá razão de prosseguir viagem pela estrada onde não haja surpresas.

Será tempo também de abandonar a mala com toda a bagagem qu traz, pois o sentido de existir acabou. E das lembranças nem é bom falar.

Duma coisa não se pode fugir: arrumar a bagagem da vida para seguir a estrada do tempo.

MEMÓRIA

"Estrada do Tempo", de Egberto Costa, publicado no jornal Feira Hoje, página 17, edição de 27 de setembro de 1979, foi também o título do livro organizado pela jornalista Madalena de Jesus, em 2005, reunindo crônicas do jornalista Egberto Costa, que nos deixou em maio de 2002.

Registro feito pelo Blog Por Simas, em 26 de maio de 2009.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

LUCÍLIO BASTOS, A VOZ.



A voz de Lucílio Bastos calou definitivamente na quarta-feira (5)

Quando iniciei a carreira jornalística em Feira de Santana existiam alguns ícones da área de comunicação. Lucílio Bastos era um deles. Mas por uma dessas ironias da vida, não o conheci, de fato, nesta cidade. Foi em terras grapiúnas, mais precisamente em Itabuna, no início da década de 90, que se deu nossa aproximação.

Lá, como aqui, ele era conhecido pela voz magnífica e pela qualidade do texto, características que marcaram a sua vida profissional. Destemido, sabia como ninguém fazer o bom jornalismo. Sim, jornalismo. Porque Lucílio não era somente radialista.

Lembro do nosso último encontro, ainda no Sul da Bahia, das boas risadas e da troca de confidências profissionais. Nos últimos anos, mantivemos contato frequente via redes sociais e mesmo quando já fisicamente fragilizado, a sua voz continuava a mesma: bela, firme.

A mesma voz que em 1975 repercutiu em programa na Rádio Cultura de Feira de Santana, o discurso do então deputado federal Francisco Pinto (MDB) contra o presidente do Chile, Augusto Pinochet.  A concessão da emissora foi cassada em seguida, como lembra o jornalista Dimas Oliveira, no blog Demais.

O discurso

"O que nos vem do Chile de Pinochet é o fechamento de jornais, é a censura desvairada à imprensa remanescente. O que nos vem do Chile é a opressão mais cruel, de que nos dá idéia a reportagem e as fotos publicadas pela revista Visão, do campo de concentração da Ilha Dawson. O que nos vem do Chile é o clamor dos presos (...) Três mil mortos, segundo Pinochet declarou a Dorrit Harazim, da revista Veja (...)

Mas o que nós desejamos, Sr. Presidente, é apenas deixar registrado nos Anais, o nosso protesto e a nossa repulsa pela presença indesejável dos vários Pinochets que o Brasil infelizmente está hospedando. Se aqui houvesse liberdade, o povo manifestaria seu descontentamento e a sua ira santa, nas ruas, contra o opressor do povo chileno. Para que não lhe pareça, contudo, que no Brasil estão todos silenciosos e felizes com sua presença, falo pelos que não podem falar, clamo e protesto por muitos que gostariam de reclamar e gritar nas ruas contra sua presença em nosso País".

A pedido do presidente Ernesto Geisel, o ministro da Justiça Armando Falcão representou contra Chico Pinto, com base num artigo da Lei de Segurança Nacional que vedava ofensas a chefes
de nações estrangeiras. Em 28 de maio, veio a determinação da censura federal, registrada no pioneiro livro A censura política na imprensa brasileira, do jornalista Paolo Marconi:

- De ordem superior, fica terminantemente proibida a divulgação, através dos meios de comunicação social, escrito, falado e televisado, de notícias, comentários, referências, transcrição e outras matérias relativas ao deputado Francisco Pinto.

Madalena de Jesus

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

PALAVRAS AO VENTO


A publicação desse texto é uma homenagem ao meu amigo Antônio Costa, que se encontra em terras sergipanas, mas nunca sai do meu coração.


Certa vez, um homem tonto falou que seu vizinho era ladrão, e o vizinho acabou sendo preso.

Algum tempo depois, descobriram que era inocente.

O rapaz foi solto.

Após muito sofrimento e humilhação ele processou o homem.

No tribunal, o homem disse ao juiz:

- Comentários não causam tanto mal...

E o juiz respondeu:

- Escreva os comentários que você fez sobre ele num papel. Depois pique o papel e jogue os pedaços pelo caminho até sua casa. Amanhã, volte para ouvir a sentença!

O homem obedeceu e voltou no dia seguinte, quando o juiz disse:

- Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou ontem!

- Não posso fazer isso, meritíssimo! O vento deve tê-los espalhado por tudo quanto é lugar e já não sei onde estão!

O juiz respondeu:

- Da mesma maneira, um simples comentário que pode comprometer a moral de um homem, espalha-se a ponto de não podermos mais consertar o mal causado. Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada!

'Sejamos senhores de nossa língua, para não sermos escravos de nossas palavras'.

Nunca se esqueça:

Quem ama não vê defeitos... Quem odeia não vê qualidades...

E quem é amigo vê as duas coisas!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

SOMOS QUEIJO GORGONZOLA

 Maitê Proença


Estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, só ouço isto. No táxi, no trânsito, no banco, só me chamam de senhora. E as amigas falam “estamos envelhecendo”, como quem diz “estamos apodrecendo”. Não estou achando envelhecer esse horror todo. Até agora. Mas a pressão é grande. Então, outro dia, divertidamente, fiz uma analogia.

O queijo Gorgonzola é um queijo que a maioria das pessoas que eu conheço gosta. Gosta na salada, no pão, com vinho tinto, vinho branco, é um queijo delicioso, de sabor e aroma peculiares, uma invenção italiana, tem status de iguaria com seu sabor sofisticadíssimo, incomparável, vende aos quilos nos supermercados do Leblon, é caro e é podre. É um queijo contaminado por fungos, só fica bom depois que mofa. É um queijo podre de chique. Para ficar gostoso tem que estar no ponto certo da deterioração da matéria. O que me possibilita afirmar que não é pelo fato de estar envelhecendo ou apodrecendo ou mofando que devo ser desvalorizada.

Saibam: vou envelhecer até o ponto certo, como o Gorgonzola. Se Deus quiser, morrerei no ponto G da deterioração da matéria. Estou me tornando uma iguaria. Com vinho tinto sou deliciosa. Aos 50 sou uma mulher para paladares sofisticados. Não sou mais um queijo Minas Frescal, não sou mais uma Ricota, não sou um queijo amarelo qualquer para um lanche sem compromisso. Não sou para qualquer um, nem para qualquer um dou bola, agora tenho status, sou um queijo Gorgonzola.

Maitê Proença

sábado, 1 de fevereiro de 2014

... DO QUE VEM DE ANTES



De um avô que amava pássaros
E os conhecia tanto
Que lhes imitava o canto
E brincava de colorir
(Asa de passarinho pintada de vermelho ou azul...)
... Havia o tempo de sentar
Sugar o fim de tarde
Contemplar a vida
em voo de passarinho
e um neto
olho azul profundo
O predileto talvez
Tão amado
Contempla agora
Vívidas cores
em suas lentes
registra o mundo
Antes sugerido
desenhado
Em colo de avô...

LIA SENA
Tiê sangue / Sangue de boi (Ramphocelus bresilius)