quinta-feira, 24 de outubro de 2019

EMOÇÃO MARCA ENTREGA DO MÉRITO EDUCACIONAL A PROFESSORES










O professor de 100 anos que ainda lembra os cálculos matemáticos; a mestra que, aos 96 anos, consegue dar uma verdadeira aula de ética e cidadania; a professora que andava mais de seis quilômetros a pé para chegar à escola onde ensinava; a orientadora de catequese que se orgulha de ter entre os ex-alunos um bispo e um vereador. Histórias de vida marcantes de 20 educadores que atuaram em Feira de Santana foram mostradas na noite de entrega do Mérito Educacional FTC.

Quem foi ao Auditório Professora Terezinha Mamona, no Campus da UniFTC Feira de Santana, quinta-feira (17), compartilhou com os homenageados momentos de grande emoção. O evento foi uma comemoração dupla: O Dia do professor e o 20º aniversário de fundação da Instituição. Esta foi a segunda edição do Mérito Educacional na cidade, sendo que na primeira foram contemplados 10 professores que participaram da história inicial da unidade de ensino.

“Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra”. Com esta citação de Anísio Teixeira, o professor Cristiano Lôbo, reitor do Centro Universitário UniFTC, iniciou a saudação aos homenageados e convidados que lotaram o auditório para a cerimônia. “A Rede FTC reconhece, publicamente, a inquestionável contribuição destes homens e mulheres que fizeram da Educação seu ideal de vida”, afirmou, destacando a importância de preservar a memória da cidade.

Idealizador do projeto, que já acontece na FTC Itabuna desde 2011, Cristiano Lôbo ressaltou que a missão da Instituição, que é referência no ensino superior de qualidade, é “promover a formação de cidadãos colaborativos, inovadores e empreendedores”. Sobre a escolha dos homenageados, ele enfatizou o trabalho da comissão permanente criada para organizar o evento, e reafirmou o mérito de cada um dos homenageados.

“A maior recompensa para o professor é visualizar um pouco dele mesmo em cada aluno”. A afirmação é da professora Elza Santos Silva, que falou em nome de todos os contemplados com o Mérito Educacional. Com um discurso permeado por declarações de gratidão, a mestra deu uma verdadeira aula sobre o exercício profissional. “Educação é uma obra de amor, sobretudo”, disse, contando que enveredou no Magistério com o intuito de aprender e acabou descobrindo que “quanto mais ensinamos, aprendemos”. 

A oradora da noite disse ainda que, às vezes, “o silêncio fala por nós quando a palavra não se expressa”, para definir a emoção diante da homenagem feita pela UniFTC e pontuou: “O professor é um servidor”. Para ela, nada é capaz de comprometer os entrelaçamentos emocionais construídos entre professor e aluno. Exatamente por isso, Todos os contemplados indicaram um ex-aluno que teve passagem marcante em sua trajetória na Educação para fazer a entrega do prêmio.

OS HOMENAGEADOS

Foram homenageados nesta edição do Mérito Educacional FTC os seguintes professores: Alice Pereira Fiúsa de Castro, que recebeu a placa das mãos do ex-aluno Álvaro Luís Xavier Leite, Ana Angélica Vergne de Morais (Carlos Magno Vítor da Silva), Antônio Araújo das Virgens (Vicente Gualberto Reis Duarte), Armando Ramos de Santana (Celi Mendes Rios), Áurea dos Santos Moraes (Maria Josenilda Pedreira Ribeiro), Aurora Magalhães de Matos (Roderick Vitor Fernandes de Oliveira), Edésia Machado Sampaio (Dejanete Gonçalves Brandão), Elza Santos Silva (Célia Christina Silva Carvalho), Fabíola Portugal Farias (José Raimundo Pereira de Azevêdo).

Também foram contemplados Iany Brasileiro (Noêmia Requião), Joselito Falcão de Amorim (Lélia Vitor Fernandes de Oliveira), Leny Madalena de Souza Silva (Coriolano Ferreira dos Santos), Margarida Maria Ferreira de Almeida (Marcly Amorim Pizzani), Maria Christina de Oliveira Menezes (Marilene Carneiro Barreto), Maria Messias Oliveira Silva (Sueli Oliveira Carmo Bastos), Maria Santana Marques (Lenise Mirian Andrade Santana), Nilza Silva Ribeiro (Antônio César Chaves Assis), Olga Noêmia de Freitas Guimarães (Ana Maria Santos Silva), Valdenice de Oliveira Lima (Roberto Luís da Silva Tourinho) e Vanda Oliveira Passos (Pedro Levi Passos Miranda).

A mesa da solenidade foi composta pelo professor Cristiano Lôbo; professora Marcly Amorim Pizzani, diretora da UniFTC de Feira de Santana; Denilton Brito, diretor da Agência Reguladora do Município, representando o prefeito Colbert Martins; professor José Raimundo Pereira de Azevêdo, representando a Academia de Educação de Feira de Santana; professora Lélia Vítor Fernandes, presidente da Academia de Letras e Artes; Djalma Giomes, presidente da Academia de Ciências e Artes e da Academia Regional de Letras Jurídicas; Liacélia Pires Leal, presidente do Instituto Histórico e Geográfico; e ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho.

Madalena de Jesus/Assessoria de Comunicação UniFTC

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

CEO BRASILEIRA É CANONIZADA




Irmã Dulce, a primeira santa brasileira.

No próximo domingo, na praça do Vaticano, vou assistir à canonização de Irmã Dulce. Irmã Dulce não é apenas a primeira santa brasileira, ela é a primeira CEO brasileira a ser canonizada.

A Organização Social Irmã Dulce é o seu primeiro milagre. Franzina, saúde frágil, ela não tinha a rigor condições físicas de fazer nada nem de segurar um copo de água.

Mas seu hospital de mil leitos construído sabe Deus como é obra do seu empreendedorismo. O hospital começou num galinheiro nos fundos do convento e hoje tem 40 mil m².

Conheço bem a história da santa porque Irmã Dulce, que tinha sérios problemas pulmonares, era paciente do meu pai, médico pneumologista. Meu irmão André Guanaes, quando residente, também foi seu médico.

Ele conta algo que é típico da situação de tantos CEOs no Brasil: os problemas respiratórios de Irmã Dulce pioravam todo fim de mês. E ele sempre a escutava dizer: dia tal eu tenho 3 milhões para pagar, isso é problema de Santo Antônio, isso não é meu problema, isso é um problema dele.
O problema era de Santo Antônio, mas era ela quem ia pedir a Antônio Carlos Magalhães, a Ângelo Calmon e a outros poderosos da Bahia e do Brasil.

Ela era santa com os pobres, mas não era santa com os ricos. Com esses, ela era pragmática. Como uma boa CEO, conversava com todo o mundo. Com a direita, com a esquerda, com o que está entre as duas e além. Sua relação com o grande líder espírita da Bahia, o igualmente santo Divaldo Franco, é maravilhosa. Foi, assim, maior que a igreja que agora a canoniza.

Escrevo este artigo emocionado porque conheço a história de perto —de seu início no bairro pobre de Alagados até os atuais 2 milhões de atendimentos ambulatoriais, 18 mil internamentos e 12 mil cirurgias por ano. Como uma pessoa que dormia sentada por causa dos problemas pulmonares pode tocar uma obra desse tamanho? Milagre.

Tudo na Bahia que eu nasci e cresci era destinado a ajudar as obras assistenciais de Irmã Dulce: bingo, quermesse, show. Era tudo para ela pagar o seu fim de mês.

Nesse mesmo espírito, estou participando de uma iniciativa artística na Bahia para celebrar a nossa santa. 77 artistas da música baiana foram a estúdio gravar a música de Irmã Dulce. Ivete Sangalo, Luís Caldas (que criou a música axé), Margareth Menezes (que vai cantar no Vaticano) e dezenas de músicos talentosos gravaram com dedicação e disponibilidade que nunca vi.

Decidi me dedicar cada vez mais a causas sociais. Sou orgulhoso e odeio pedir, mas isso não combina com obra social. Dou do meu e dou de mim e fico imaginando o que a frágil Irmã Dulce passou para ampliar, modernizar e manter a cada fim de mês seu hospital de mil leitos.

Uma obra dessa não se faz só com bondade, mas com determinação, com disciplina, com empreendedorismo.

Ela era focada, cercou-se dos melhores, aplicava orçamento base zero (era uma Beto Sicupira de hábito) e tinha um modo peculiar de levantar fundos: ficava na sala de espera do futuro doador e só saía de lá quando o próprio se dignava a recebê-la. O povo da Bahia é testemunha.

Por isso, 15 mil baianos vão a Roma no dia 13 assistir à canonização. E, no dia 20, Salvador vai parar para ver a missa de sua canonização no Estádio da Fonte Nova.

Irmã Dulce não é uma santa católica. Ela é uma santa baiana. São devotos dela a mãe de santo, o ateu, o pastor e até o padre. Desafio a Harvard Business School a escrever o estudo de caso de Irmã Dulce, a primeira CEO brasileira a ser canonizada pelo Vaticano.

Nizan Guanaes