quarta-feira, 16 de julho de 2014

MATINHA, TERRA DE SAMBADORES







“Eu nasci com o samba/e no samba me criei/do danado do samba/ nunca me separei”. Os versos melodiosos de Dorival Caymmi bem que poderiam ter sido escritos por um morador do distrito de Matinha. Lá, as crianças nem bem deixaram a chupeta e já estão na roda, dando vida ao antigo ditado “filho de peixe...”. Por isso a terra da Quixabeira é também dos Sambadores do Nordeste, União do Samba e Samba de Quilombo.

E foram os membros de todas as idades dessas “famílias” de sambadores que fizeram a festa na tarde deste quarta-feira, 16, na Escola  Municipal Rosa Maria Espiridião Leite, que sediou as atividades do Festival Samba de Roda, Samba de Todos, realizado pela Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, em parceria com a Secretaria de Educação. A discussão de hoje foi sobre A Territorialidade do Samba – Portal do Sertão.

“Sou filha do samba, com muito orgulho”, se definiu a adolescente Cleidiane, de 15 anos, antes de entrar na roda e fazer bonito para todo mundo ver. Junto com ela, Aniele Nalanda, de 11 anos e um pouco mais distante Ramon Oliveira, 13, não pouparam animação, sob os olhos da matriarca do samba no distrito, Apolinária das Virgens Oliveira, ou simplesmente Dona Chica do Pandeiro. É que eles fazem parte do grupo Samba de Quilombo, uma espécie de “filho” da Quixabeira.

Mas não é somente a roda de samba que toma a atenção de Dona Chica.  Ouvindo as declarações do palestrante Hygor Almeida, ela balança a cabeça concordando.  “O samba de roda é influenciado por tudo que somos, tem formas diferentes, mas fica tudo igual”, disse o representante territorial de cultura do Portal do Sertão. Ao falar dos símbolos do samba, como a variedade de instrumentos, Hygor defendeu que não há grupo melhor que outro.

Ele falou sobre as diversas formas de manifestação do samba e exemplificou essa pluralidade mostrando, em vídeo, apresentações de grupos de várias cidades do Portal do Sertão, desde o samba de farinhada de Santa Bárbara, e o samba de tocos de Antônio Cardoso ao samba de Lapinha de Santo Estêvão. Hygor citou ainda o samba contemporâneo, em que são introduzidos instrumentos como bateria e baixo, destacando o trabalho da cantora Maryzélia.

A perpetuação do samba através das gerações foi defendida pelo mestre sambador Galdino de Oliveira Souza, Guda, diretor do grupo Quixabeira da Matinha e presidente da Associação de Sambadores e Sambadeias da Bahia (ASSEBA), entidade que conta com o registro de 180 grupos de samba de roda. Ele acredita que isso é possível não somente por meio das famílias, como também através da escola, inclusive com a realização de oficinas de samba de roda e de cultura popular de modo geral.

O festival prossegue quinta-feira e sexta-feira, com atividades nas escolas municipais Ana Maria Alves dos Santos, no Conjunto Feira X, Professora  Olga Noêmia de Freitas Guimarães, no bairro Cidade Nova, respectivamente. Também na Cidade Nova, acontecem as duas grandes rodas de samba que encerram o festival, com a participação de 16 grupos de samba de roda de Feira de Santana e municípios da região. As apresentações estão programadas para sexta-feira, às 17h, e sábado, 10h.

As fotos são de Letícia Sampaio.

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