Victor Souza Vieira
Quando ele era um garotinho de sete, oito anos e eu perguntava o que queria de presente de aniversário, a sua sugestão era sempre ir a uma livraria. Lá, ele escolhia, sem pressa e enchendo a atendente de questionamentos, um livro. E eu querendo agradar, claro, sempre comprava mais um ou dois. Afinal, não era nada comum uma criança substituir os brinquedos e tantos outros atrativos da vida infantil por livros.
O tempo passou. Já estudante de Direito e lá íamos nós para a livraria nos dias que antecediam sua data de aniversário – 12 de outubro, data duplamente emblemática, alusiva à criança e a Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. E enquanto eu folheava as mais interessantes obras literárias para indicar, ele chegava com um livro da área de conhecimento de seu curso. “Pronto, dinda, é esse”.
E meu pequeno Victor virou um grande homem, em todos os sentidos. E um leitor como poucos. Hoje, lendo uma resenha assinada por ele sobre o livro Frankenstein, de Mary Shelley, me surpreendi com a maturidade de sua interpretação, sua capacidade de entendimento não apenas do que está dito, mas principalmente das mensagens subjetivas. Afinal, é na subjetividade que está o sentido real.
Eu não sei até que ponto as nossas idas à livraria contribuíram para esse gosto tão especial pela leitura. Mas fico imensamente feliz, pois sei – aprendi com meu pai – que as palavras, onde quer que estejam, saltam aos olhos de todos, mas somente àqueles que têm o dom de ver além da superficialidade é dado o direito da verdadeira compreensão. Porque ler é ver o mundo com a alma.
Madalena de Jesus, jornalista, professora e madrinha de Victor Souza Vieira
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