A mulher lá no fundo da praça
Sentada, deserta, terna paisagem compunha
Sobre o colo imensa almofada
Estranha barriga lhe surgia
Dançavam bilros
Bailavam alfinetes
Orquestra imensa a mulher regia
Tramas infinitas
Singelos cenários
E a mulher lá no fundo da praça
Labirintos tecia
O tempo triste corria
O vento a canção bramia
E a mulher lá no fundo da praça
Caminhos infindos percorria
Passava boi
Passava boiada
Aboios medonhos
Badalos sinistros
Prelúdio de morte em canção sombria
E a mulher lá no fundo da praça
Impávida, inabalável
Tamborilhava bilros
Colhia à mão cheia notas musicais
Doce algaravia!
E eu de longe espiando tudo
E a rendeira castanholando
Completamente me rendia
Até hoje me indago
Como aquela mulher lá no fundo da praça
Imersa em solidão
Desenhava rios de partitura
E cobria minha infância
Com toalhas, colchas e lençóis
De singelas texturas?
Bem mais tarde tudo a mim se revelaria:
A mulher de dupla barriga
Naquele instante a vida paria.
Jailton Batista, jornalista e escritor
O eu lírico despontando no coração de um menino poeta...
ResponderExcluir🙂🤠
ResponderExcluirSimplesmente lindo. Parece que a gente se teletransporta pro passado
ResponderExcluirAbençoada sou por ter visto, ombreado com ele em vários trabalhos, e ser testemunha eterna de que Jailton Batista, o mestre, o escritor, a mente brilhante, o amigo verdadeiro,simplesmente É, simplesmente existe.
ResponderExcluirObrigada por me ter entre seus amigos!