Por Valdomiro Silva*
Ainda
guardo, em meus arquivos aquele texto de pouco mais de 15 linhas. Foi o
primeiro grande estímulo para minha carreira profissional e, possivelmente, o
meu “troféu” mais importante, dos poucos que ganhei nesses quase 20 anos de
jornalismo. Aprendi, com aquela manifestação de uma colega que, àquela altura,
em 1984, já era uma das expressões da imprensa local, o quanto é significativo
uma mensagem de incentivo, para alguém que está começando.
A
ainda jovem, porém competente repórter policial – a melhor que já vi atuar em
Feira de Santana – era uma das pessoas que eu mais observava na redação. O
Feira Hoje possuía, a propósito, um time de primeira qualidade. Figuravam no “Feirinha”,
à época, além dela, jornalistas do nível de Jailton Batista, Hélder Alencar,
Anchieta Nery, Reginaldo Pereira, Leda Albernaz, Jackson Soares, Jozailto Lima.
Foram
esses, e mais alguns outros a exemplo de Zadir Marques Porto, Edson Borges,
Raimundo Lima e Marcílio Costa, os colegas com quem dei os primeiros passos.
Costumo dizer que a formação do jornalista – deve ser assim em outras
profissões – depende, fundamentalmente, da qualidade da redação que ele
frequenta em seus primeiros momentos de prática.
Se
você está em um ambiente que não inspire respeito, onde as pessoas não exercem
o jornalismo em sua plenitude, são grandes as chances de tornar-se um
profissional limitado, cheio de vícios. Se, por outro lado, tem a sorte de
encontrar um grupo de bom nível e solidário, o seu desenvolvimento depende
apenas de seus esforços.
Hoje,
sou eternamente grato a Hélder Alencar, que franzia a testa, piscava os dois
olhos ao mesmo tempo, tirava e botava o indefectível cigarro na boca e
recomendava: “meu filho, escreve de novo”, quando observava que eu havia lhe
entregue um texto ruim. Nunca vou esquecer, também, dos telefonemas de Raimundinho,
quando trabalhamos juntos na Assessoria de Imprensa da Câmara. Ele ligava, às
vezes bem tarde, para reclamar de uma informação incompleta, de uma pontuação
errada. Lembro-me bem dos protestos de Anchieta Nery, gaguejando muito mais do
que hoje em dia, e aos berros: “Serrinha, escreve essa droga direito”.
Todos
eles tiveram um papel definitivo em minha vida. Perderam seu precioso tempo e usaram
seu poder de avaliação para me dedicar uma atenção que poucos dispõem, hoje em
dia, nas redações da vida. Digo sempre aos mais jovens que agradeçam cada
bronca que venham a receber. Quando alguém mais experiente lhe corrige, isto significa
que há quem esteja preocupado em que você aprenda.
Retornando
ao tema central desse emaranhado, tenha certeza, caro leitor, seja por escrito,
falado ou de qualquer outra forma, o incentivo, realmente, é algo decisivo. Não
basta o indivíduo estar convicto de que tem potencial para ir longe. É
necessário contar com companheiros que, além de orientar corretamente, dêem o
bom exemplo profissional, acompanhem seu trabalho com interesse, opinem e,
quando for o caso, elogiem.
Obrigado,
amiga Madalena de Jesus, pelas 15 linhas de incentivo.
Em tempo: Esse texto foi escrito em 2004.
*Jornalista, radialista e servidor efetivo da Câmara
Municipal, lotado na Assessoria de Comunicação (Ascom), foi secretário municipal
de Comunicação Social e tem uma trajetória profissional com passagens nos
jornais Feira Hoje, Diário da Feira e Tribuna Feirense, onde um dos fundadores
deste último. Também atuou nas emissoras de rádio Sociedade, Povo e Subaé.
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