segunda-feira, 18 de novembro de 2013

MAC ABRE ESPAÇO PARA O EROTISMO

 





Um só tema e muitas abordagens em mostra coletiva 
Os pudicos
são muito engraçados:
às vistas,
a maior das pudicícias;
sozinhos,
se depravam nas delícias...

Os versos do poeta Patrice de Moraes, parte do livro “Eurótico”, de 2005, relançado na quinta-feira, 14, durante a abertura da exposição coletiva Iluminação de Eros, no Museu de Arte Contemporênea Raimundo Oliveira, é uma demonstração de que o erotismo “é uma sugestão contida e não uma linguagem óbvia”, como ele próprio define. Sutileza – às vezes não tão contida – que perpassa todas as obras integrantes da mostra.

Com temática única e visões as mais diversas, a coletiva reúne diferentes linguagens artísticas em um só espaço: pintura, escultura, desenho, fotografia, vídeo e literatura. Tudo isso para deleite do público, que é atraído pela perturbadora Medusa em cerâmica de José Carneiro, a nudez quase singela da linda mulher retratada na tela de Nanja, ou os versos sublimes de Roberval Pereyr.

A proximidade entre o erótico e o pornográfico é inevitável. Para a artista plástica Nanja, há ligações entre as duas linguagens e o artista tem total liberdade para criar, mas não confundir. A linha divisória é tênue, mas absolutamente perceptível. Sobre a presença feminina nas obras eróticas, nada mais natural. “A mulher, o corpo, o sexo, tudo se relaciona”, diz.

O poeta e escritor Roberval Pereyr, entusiasta desse convite ao diálogo entre as várias modalidades artísticas, que ele define como “um dinamismo próprio dos tempos contemporâneos”, acha que tanto o erótico quanto o pornográfico são formas válidas de criação. “Para chocoalhar os falsos moralismos”. Até porque a tecnologia permite se criar a partir de tudo.

Certamente foi pensando nisso que a artista visual Jô Félix apostou no projeto, originado pela sua pesquisa de Mestrado e que resultou na exposição do MAC e que inclui ainda oficinas de arte erótica e palestras sobre o tema. Os limites tênues entre o erotismo e a pornografia, diz ela, estão inseridos no contexto artístico-social em que a obra é criada.

A artista também participa da mostra, onde expõe quadros que evidenciam, por meio de figuras de bonecas, “a potencialidade de corpo sujeito aos padrões da sociedade e explorado pela sexualidade”, conforme explica. A exposição, que reúne artistas de Feira de Santana e região, Salvador e Recôncavo, permanecerá em cartaz até o dia 10 de dezembro.

Texto: Madalena de Jesus
Fotos: Letícia Sampaio

Nenhum comentário:

Postar um comentário