quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ...


Por Madalena de Jesus*

Texto escrito em 2008, especialmente para o Blog da Feira, quando a jornalista Socorro Pitombo foi homenageada pela Câmara Municipal de Feira de Santana com a Comenda Maria Quitéria. A essência continua a mesma, a amizade, a admiração e o respeito pela profissional e amiga, idem.  


O que falar sobre Socorro Pitombo? Muito mais do que um nome forte ela carrega consigo as marcas da competência, da seriedade e da responsabilidade profissional. Eu poderia desfilar aqui uma relação infinita de adjetivos para qualificar uma mulher que é referência de tudo o que de melhor existe no jornalismo. E ninguém pense que estou dizendo isso simplesmente pelo fato dela ser, senão a maior – e aí a questão física não tem a menor importância – a melhor amiga que alguém pode ter.

Nem adianta tentar traçar o perfil profissional de Socorro sem colocar uma dose considerável de ternura, porque ela é, antes e acima de tudo, uma pessoa extremamente carinhosa e meiga. Para quem não a conhece de perto, isso tem outro nome: gentileza. E não deixa de ser verdade. Pessoa de fino trato, como diria meu pai, o velho Zinho, que sabia reconhecer de longe o que as pessoas tinham de melhor.

Mas o que impressiona mesmo na personalidade dessa criatura especial, que aprendi a amar e respeitar, é o vigor e a capacidade de doação à profissão. Por trás de uma fragilidade aparente, ela mantém sempre uma postura firme: na labuta jornalística diária, na orientação dos filhos, no aconselhamento dos amigos, ou na condução da equipe que chefia. Fazer o melhor é a sua filosofia de trabalho e aí eu lembro Fernando Pessoa, que poeticamente ensina:


Para ser grande, sê inteiro:
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
Porque alta vive.

Conviver com Socorro Pitombo é um aprendizado contínuo. É incrível como ela guarda as características que marcaram o início de sua carreira, ainda como estudante da UFBA, no Jornal A Tarde, ao tempo em que se renova para acompanhar a evolução da profissão. E olha que houve muita mudança, da época das antigas máquinas de escrever para o jornalismo em rede digital. E ela lá: acompanhando, vivenciando, fazendo, aprendendo e, sobretudo, ensinando.

O que eu mais gosto na jornalista Socorro Pitombo é a audácia de fazer diferente, em um meio em que as coisas acabam parecendo tão iguais. Seja uma matéria especial para um grande órgão de comunicação ou um relise sobre um evento de pequeno porte realizado por um dos órgãos que assessora, a preocupação com a qualidade é sempre a mesma, assim como a vibração ao ver o seu texto publicado. Parece bobagem, não? Pois é exatamente aí que está a essência do jornalismo.

Talvez eu devesse me distanciar um pouco de nossos laços afetivos para falar do seu pioneirismo no jornalismo feirense – ela foi repórter policial num momento em que só aos jornalistas do sexo masculino era dado esse direito – enfrentando preconceito, mas também tirando vantagem, certo? Eu poderia também trazer à tona toda a sua experiência nos órgãos de comunicação da cidade, em assessorias de comunicação e até de seu afastamento da profissão por mais de uma década. Fato, aliás, do qual não se arrepende. Mas creio que isso não é o que realmente importa, pelo menos aqui e agora.

O fato é que às vésperas de completar quatro décadas na profissão, Socorro Pitombo se tornou comendadeira – é estranho, mas é isso mesmo e não comendadora – em sessão solene da Câmara Municipal. Sinceramente, desconheço homenagem mais apropriada. E olha que há muito tempo faço minhas incursões pelo jornalismo político! E para quem imaginar que exagero na minha avaliação, a honraria foi assinada não por um, mas por dois vereadores à época (2008): Getúlio Barbosa e Genésio Serafim. E, é claro, aprovada pelos demais.

Certamente nada mudou na vida da homenageada a partir do recebimento de tão honrosa comenda, que leva o nome de Maria Quitéria. Mas que é extremamente prazeroso ver a premiação da competência, lá isso é. E eu, como amiga-quase-irmã, admiradora e fã incondicional, lá estava, dividindo esse momento com Socorro e aplaudindo com gosto a iniciativa da Casa da Cidadania. Um gosto que pode ser traduzido nos versos que tomo de empréstimo, com a devida licença, aos poetas Vinícius (de Morais) e Tom (Jobim):

Se todos no mundo fossem iguais a você
Que maravilha viver.

* Madalena de Jesus é jornalista, radialista e professora

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