terça-feira, 30 de julho de 2013

TARDE DE POESIA, DESENHO E CAFÉ LITERÁRIO


A obra Impressões de Instante – poesia, de Lana Mattos, será lançada às 14h30 de sábado (3), na Livraria Nobel de Feira de Santana. Paralelo ao lançamento, vai acontecer o Café Literário, promovido pelo Blog Poetas no Divã, dinamizando o evento com recital de poetas feirenses. Os presentes poderão também apreciar os desenhos de Robélio Rodrigues, ilustrador da obra, que vem de Itacaré (BA), onde se dedica à arte do desenho de retrato.

Feirense, Lana é aficionada pela leitura e escrita desde a infância e formou-se em jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Produziu e roteirizou diversos vídeos institucionais e documentários, escreveu para jornais impressos, revistas e sites, além de lecionar redação para curso pré-vestibular. A autora atua em jornalismo digital e é estudante livre de psicologia e inglês.

Os textos de Impressões de Instante, livro produzido pela Editora Biblioteca24horas, abordam temáticas distintas, como o amor em vários âmbitos, relacionamento interpessoal, o bem viver, a paz, a natureza, a liberdade; alguns também são de caráter social. Eles levam a pensar na vida como um todo, com uma linguagem simples, que um adolescente de nível médio pode entender, mas que certamente fará também um pós-graduado parar, mesmo que por instantes, para observar algum aspecto de sua realidade de uma maneira singular e verdadeira.
 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

PIRÂMIDES DE AREIA



[*] Gabriel Varjão Lima

Não sou economista, analista financeiro, contador, administrador - nada disso. Minha formação é em saúde, apesar do interesse que nutro por essas outras áreas. Mas não é preciso ter o gabarito de um Alexandre Tombini, atual presidente do Banco Central, para dar-se conta do recente oba-oba promovido por empresas que prometem lucro fácil a quem se compromete a alocar seu suado dinheirinho nelas.

O que é investir? Correndo o risco de parecer simplista, seria destinar capital a determinadas empresas, apostando em seu crescimento futuro, quando então os lucros alcançados seriam compartilhados. Investe bem quem escolhe bem as empresas para aplicar seu dinheiro. Figuras como Benjamin Graham, Philip Fisher e Warren Buffett ganharam rios de dinheiro e atingiram o status de deuses do mercado financeiro através de seus investimentos.

Mas mortais como eu e você, caro leitor, podem aprender a investir de verdade e a conquistar lucros decentes sem ter de se submeter ao, no mínimo suspeito, esquema de pirâmide. Através dele, criam-se empresas que às vezes nem possuem um produto palpável a oferecer para clientes e cuja sobrevivência depende da entrada de cada vez mais pessoas no negócio. E o pior disso tudo é que a população embarca nessa, abalando e crente de estar fazendo um baita de um investimento. Definitivamente, isso não é investir; é especular. E aí o buraco é mais embaixo.

Dinheiro não brota em árvore. Para ele chegar nas mãos de alguém facinho-facinho, como prometem essas empresas, deve sair facinho-facinho das mãos de um outro alguém. Nas empresas que funcionam no esquema de pirâmide, quem está próximo ao topo tende a receber uma boa grana no fim do mês e, enquanto isso estiver acontecendo, os "topistas" ficarão contentes por fazer parte dessa empresa e por ter realizado tal "investimento".

Mas de onde vem o dinheiro do pessoal do topo? Vem dos que estão na base da pirâmide: os "basistas". Enquanto o dinheiro flui freneticamente para suas contas, os "topistas", geralmente pessoas mais esclarecidas, mais bem-relacionadas, melhor graduadas, fazem verdadeiras romarias, principalmente pelo interior dos Estados (óbvio: quanto mais distante dos centros urbanos, menor é o grau de instrução populacional, logo maior será o grau de convencimento dessa gente) em busca de novos "basistas" dispostos a pingar um pouquinho mais em suas contas.

E como é fácil arrancar dinheiro do povo brasileiro. É que manipular fica mais simples em meio à ignorância. E quando não houver mais "basistas" recém-ingressados, o fluxo monetário ascendente será extinto, e aquela pirâmide que outrora parecera ter sido construída com rígidos blocos de concreto, provará ter sido erguida com a mais delicada e fina das areias e se desfará ao sopro da mais leve brisa.

Ganhar dinheiro é bom. Sim, muito bom! O problema é quando dinheiro deixa de ser "uma" prioridade e passa a ser "a" prioridade do indivíduo. Nessas situações, a fronteira entre a ética e a antiética pode ser facilmente rompida. Quem detém conhecimento, detém poder - e é preciso cuidado para não se aproveitar dessa situação. Não são raros os casos de pessoas que se desfazem de bens valiosos, como casas e carros, na vã esperança de auferir os lucros formidáveis prometidos, e posteriormente se veem em maus lençóis porque as promessas não se concretizaram.

A educação formal é deficiente no Brasil. Nessa constatação, enquadra-se também a educação financeira. Enquanto o governo não corrige isso, o que pode demorar bastante para acontecer, por que não fazer como os americanos, que desenvolveram a conta 401(k), na qual o dinheiro do Imposto de Renda de empregados fica retido por anos a fio para investimento no mercado financeiro? Quando param de trabalhar, o montante investido retorna aos cofres do governo, enquanto o lucro das aplicações vai para o bolso dos recém-aposentados, sem nenhum desconto fiscal, gerando possibilidade de uma aposentadoria digna. Alternativas sempre há. Basta disposição para tocá-las adiante. E deixemos o título de maior produtor mundial de pirâmides com o Egito.

[*] É médico. — em Jornal Cinform

sábado, 6 de julho de 2013

BANDO ANUNCIADOR NAS RUAS DE FEIRA

 





Venha só, ou em bando! Com este lema, e com muita alegria e animação, o Bando Anunciador da Festa de Senhora Santana voltas às ruas de Feira de Santana neste domingo (7), com saída prevista para as 7h do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca). Como acontece a cada ano, a expectativa é de recorde de público e de bandos proveniente de diversos bairros de Feira de Santana e até de municípios vizinhos, nos moldes da festa tradicional e histórica.

O Bando Anunciador da Festa de Senhora Santana aconteceu pela primeira vez em 2007, numa iniciativa da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). O objetivo foi resgatar uma das principais festas populares que, durante décadas, atraiu milhares de pessoas ocupando as largas ruas centrais da cidade com cortejos diversificados. Era a parte profana que antecipava as comemorações e homenagens a Senhora Santana, padroeira de Feira de Santana. A festa foi extinta em 1987.

terça-feira, 2 de julho de 2013

SAUDAÇÃO AO CABOCLO


Margareth Menezes

Eu estou aqui
Você mandou chamar
Agora vai ouvir
Eu cantando caçoar

O meu canto é força
O meu canto é magia
E quem em Deus confia
Só Deus pode derrubar

Selei, selei
Meu cavalo selei
Selei, selei
Meu cavalo selei
Vamo embora pra Aruanda
Meu cavalo selei

Na minha aldeia são vinte caboclos
Comigo são vinte e um
Lá vivemos felizes
Lá não se vive no zum zum zum

Não é como nesse planeta
Que junta dois pra falar de um
Não é como nesse planeta
Que junta dois pra falar de um

Selei, selei
Meu savalo selei
Selei, selei
Meu cavalo selei
Vamos embora pra Aruanda
Meu cavalo selei

A RELIGIOSA MEGERA



Ela é uma mulher ríspida, teve infância triste, viveu sob pressão. Seus esposos não foram grandes amantes, mas apenas homens que estavam ao seu lado para cumprirem um papel social: marido explorado. O primeiro era o bobo, cuja personalidade só pode ser comparada a personagens de novelas grotescas, mas carregava consigo certa nobreza típica do proletariado. Este teve um triste fim, estava sobrevivendo em São Paulo e foi assassinado em horário de serviço, ele tentava ganhar dinheiro para sustentar seus quatro filhos e sua “amada” esposa, mas assaltantes também têm filhos e precisam alimentá-los. Quando soube da morte ela cumpriu o papel teatral de vítima amargurada que se pergunta: por que eu? Mas ela não se dava ao luxo de pensar certas trivialidades, a pergunta que surgia na sua cabeça era: e agora quem me sustentará?

Os filhos ficaram em choque com a morte do pai, mas sabiam que a vida continuava. Com a morte do primeiro marido as coisas ficaram difíceis pra ela e seus filhos. Passaram por muitas dificuldades, mas nunca chegaram ao ponto de serem taxados de família morta de fome, pois como tinham nascido em lugar pequeno carregavam em suas genéticas a persistência e labuta de pessoas do campo. Tinham um pedaço de terra, plantavam ali e sobreviviam dali. Algumas pessoas diziam que a viúva receberia uma pensão até seu filho mais novo completar dezoito anos, mas tal afirmativa nunca saiu da boca da mesma. Ela que não era boba nem nada, já estava de olho em mais um partido. Seu nome era Zé Burraldo, um velho com uns 55 anos que também era viúvo, tinha uma quantidade boa de terra, mas também tinha filhos, ou seja, dois. Por sorte da Jararaca o Burraldo ficou gravemente doente e veio a falecer. Ninguém notou tristeza na face da venenosa, pois todos sabiam que a viúva negra só tinha relacionamentos financeiros com seus cônjuges.

A venenosa não herdou lá muitas coisas do Burraldo, mas o que herdou foi suficiente para aumentar seu patrimônio advindo de mortes. Ela ainda não se contentava com o que tinha, mas não tinha em mente mais um casamento, então ela viu em seus dois filhos, coitados em potencial. Ela sabia que seu treinamento (pra não dizer criação) não tolerava questionamentos a respeito de suas táticas de   “guerra”. Ela como bem dizia, era mãe e pai ao mesmo tempo, em uma mão ficava a brutalidade paterna, na outra, bem na outra inexistia a fragilidade materna.

Quando seu filho mais velho completou dezesseis anos ela tratou logo de enviá-lo a São Paulo, lá ele sofreu um bocado, pois não tinha quase nenhum estudo, mas carregava em sua genética a “treiterisse” da sua querida mãe. Ele começou trabalhando como ajudante de cozinha, depois montou um restaurante, não com o dinheiro que ganhou do seu primeiro emprego, mas sim em consequência do segundo: tráfico de drogas. Mas em nossa majestosa sociedade não importa o que você não tem, e não importa de onde veio o que você tem, o que importa na verdade é ter o que poucos têm. Seu querido filho comprou vários bens e deu de presente para ela, a mesma achou tal ação o mínimo, já que na visão dela filhos servem apenas de muleta para os pais.

Ela é todo orgulho, exibe se para os amigos da igreja, sim ela agora é uma religiosa, pois já é uma senhora de idade e em lugares pacatos estar numa religião torna a pessoa melhor que aqueles que não estão. Agora ela mostra para todos o que é o certo e o que é errado, sim caros amigos ela acha-se a mãe da sabedoria. Seus conceitos sobre a vida são horrendos e só mostram o quanto monstra ela foi à criação dos seus eternos explorados. A purificada tem certeza que Deus reservou algo especial pra ela, mas o que todos concordam é que no inferno tem uma suíte presidencial à espera da megera.

Por Deivison Santos