sexta-feira, 29 de maio de 2015

JUNHO: MÊS DE CHUVAS, FESTA E POESIA



Pra ser feliz num lugar pra sorrir e cantar tanta coisa a gente inventa
Mas no dia que a poesia se arrebenta
É que as pedras vão cantar

Os versos do poema “Pedras que cantam”, lindamente musicado por Fagner, certamente servem para inspirar os mais de 70 candidatos que já se inscreveram para o Concurso Municipal de Poesia, promovido pela Fundação Cultural Egberto Costa. A ideia é valorizar, difundir e estimular a produção literária na cidade. As inscrições vão até o dia 29 de junho.

De acordo com o novo edital publicado pela Fundação Municipal de Tecnologia da Informação, Telecomunicações e Cultura (Funtitec) as inscrições feitas anteriormente devem ser revalidadas, bem como serão aceitos novos candidatos. Os vencedores terão premiação em dinheiro.

Para revalidar as inscrições os candidatos devem comparecer ao Museu Parque do Saber, na rua Tupinambás, 275, bairro São João, nos dias úteis, das 9h às 12h e das 14h às 17h. O edital do concurso pode ser consultado através do site www.feiradesantana.ba.gov.br.

A divulgação do resultado e premiação serão realizadas na primeira semana de julho, como parte da programação do aniversário de 10 anos da Fundação Cultural Egberto Costa.

(Com informações da Secom/PMFS)

terça-feira, 19 de maio de 2015

A PRAÇA É DO POVO?


Alana Freitas, professora

Costumo dizer que sou feirense de umbigo enterrado, expressão popular baseada na tradição de enterrar o umbigo da criança no local onde nasce, simbolizando sua pertença eterna com aquele pedaço de chão. Nascida e criada nessa terra, sinto-me uma tabaroa de Feira com todo orgulho e gosto de reafirmar essa filiação por outras terras por onde vou, sempre com a passagem de volta marcada. Como boa feirense, tenho o hábito/costume ou até vício de “bater perna na rua”, como os franceses dizem, sou uma flaneur. Para quem não é baiano, ir à rua significa ir ao centro da cidade, parte viva e pulsante de toda urbe. O motivo pouco importa, desde a compra prosaica de um presente até a resolução de um problema burocrático, o prazer é andar pelo centro vendo as novidades, parando em carrinhos de frutas, comendo amendoim ou milho assado, apreciando o corre-corre das pessoas e imaginando suas histórias de vida, escolhendo bugigangas que à primeira vista parecem essenciais.

Gosto disso desde criança. Pela mão de minha mãe, íamos comprar tecido na Violeta, aviamentos no Armarinho Marta, pão na Padaria da Fé, café e fubá no Tabajara, quinquilharias em Zé do Fusca... Recordo do encantamento quando entrei pela primeira vez nas Lojas Brasileiras, meu primeiro Shopping com aquele mundo de doces à granel, ou subi as escadas rolantes das Pernambucanas. Quando era necessário íamos sacar algum dinheiro na ASPEB, pois não existia cartão de crédito naquele inicio dos anos 80. O ápice desses bordejos era merendar no Predileto ou o coroamento de um almoço no Boiadeiro. E essa redondeza era toda beleza, havia ali no início da Sales Barbosa um pipoqueiro e um freezer da Kibon, além de um jardim com bancos para tomar nosso sorvete confortavelmente.

Esse preâmbulo de memórias felizes hoje se choca com a atual situação do centro da cidade. Ir à rua tem se tornado uma tarefa inglória, eu tão feirense, tão “rueira”, estou perdendo o gosto de “bater perna”. A sujeira e a desordem reina nas artérias principais da cidade, não há mais espaço para o pedestre, para o consumidor ou para qualquer um que se aventure. O comércio informal (fique claro que sou defensora de sua existência, desde que ordenadamente) espalhou-se por todos os espaços, já não conseguimos nem mesmo identificar algumas lojas. As barracas, dantes móveis, agora são chumbadas nos passeios, o calçamento é sofrível. Se durante o dia a paisagem é triste, a noite lembra cenas dantescas com aquele emaranhado de fios e armengues diversos. É triste ver um comércio tão pujante, marca principal da cidade, prejudicado pela desorganização. A Marechal Deodoro está praticamente intransitável, atravessar a Senhor dos Passos é uma maratona, a feirinha da SUFEIRA (continuo teimosamente cliente) é cercada por esgoto à céu aberto, a Praça Bernardino Bahia destruída, para ficarmos em alguns lugares estratégicos do centro.

Não sou urbanista, nem engenheira, nem gestora pública para apontar soluções, mas uma cidadã que tem amor por sua terra e se envergonha dessa situação. Se Ruy Barbosa por aqui hoje passasse, certamente não seríamos batizados como Princesa do Sertão. Não se trata de saudosismo, o crescimento é inevitável, todavia o caos não é progresso, é destruição. Desejo continuar batendo perna na rua e que meu filho e meus netos ainda sintam esse mesmo prazer, mas como as coisas andam eles terão outras memórias construídas apenas sob as paredes do Shopping Center. Devolvam a praça ao povo... Como o céu ainda é do condor, continuemos sonhando...

Alana Freitas

OS VÁRIOS SIGNIFICADOS DO VERBO “CUNHAR”


Julieta:cunhada/irmã/comadre/amiga

Gravar, moldar, cravar, marcar. Todas estas expressões podem ser atribuídas ao significado do verbo “cunhar”. Daí vem o termo cunhado/cunhada, originário do latim “cognatus”. É a denominação do irmão/irmã do cônjuge, palavra gramaticalmente classificada como adjetivo ou substantivo, a depender do contexto em que é aplicada na frase.

Descobri ainda que na região amazônica o significado de cunhado/cunhada é outro, inclusive bastante diferente das outras regiões do Brasil. Lá, os significados são diversos, servindo para se referir a alguém próximo, como por exemplo companheiro/a e amigo/a, e não só em relação ao irmão ou irmã do cônjuge.

Aí está a resposta para a relação que sempre tivemos, eu e Ju (Maria Julieta da Mata, que se tornou de Jesus ao casar com meu irmão Pedro), que se adequa muito mais ao significado amazônico da palavra cunhada do que a qualquer outro. Somos irmãs, sim. Dividimos alegria e tristeza (muito mais a primeira) e, seja qual for a circunstância, lá estamos, juntas, sempre prontas a ajudar uma à outra, nem que seja com um abraço silencioso, que fala mais do que qualquer texto bem elaborado.

Mais que irmãs, somos comadres, que significa exatamente sermos mães da mesma filha (Lilian) ao mesmo tempo. Isso é possível? Claro que sim. E como se isso não bastasse, me deu ainda a sobrinha que amo também como mãe (Liz). E dispensa a minha filha de sangue (Bárbara) amor e carinho em medidas semelhantes.

E, voltando aos verbos iniciais, vejamos os significados que podemos atribuir aos mesmos, tomando como ponto de partida – e de chegada – a nossa relação de cunhada/irmã/comadre/amiga, nesta semana em que ela comemorou aniversário de nascimento (dia 18):

Gravar os bons momentos compartilhados ao longo da vida;

Moldar as situações, buscando sempre o ângulo mais favorável;

Cravar os sentimentos e laços fraternos no coração;

Marcar a nossa passagem nesse mundo com o que temos de melhor.

Madalena de Jesus

GOVERNO, FAÇA A SUA PARTE!

Marcelo Alexandrino, presidente da ACEFS

Estamos vivendo um momento delicado e difícil da economia brasileira. Em meio a graves denúncias de desvios de dinheiro na maior empresa do país, estamos paralisados assistindo um drama que não podemos medir as consequências. O país está em recessão clara desde 2014 e só o governo não admite.

Como em qualquer economia doméstica ou empresarial, quando enfrentamos alguma dificuldade a primeira medida que pensamos é: o que posso economizar? Como posso aumentar minha receita? Nas empresas, o aumento de receita depende do mercado que, todos sabemos, não está bem.

O Governo Federal, visando corrigir os rumos da economia, está tomando medidas ainda mais recessivas. Antes de realmente cortar despesas para equilibrar o caixa do governo, escolhe o caminho mais fácil que é aumentar a receita. Para o governo é extremamente fácil mandar uma MP ou um Projeto de Lei e majorar taxas, pois todos nós seremos obrigados a pagar. Não vemos iniciativas reais de corte de gastos.

Permanecemos com 39 ministérios, quadros inchados, empréstimos a outros países para obras de infraestrutura, entre outros desperdícios do nosso dinheiro. O que fazer então para equilibrar as contas? Aumenta imposto que é fácil. Os “trouxas” pagam.

Há algum tempo estamos assistindo a uma avalanche de aumentos de impostos em todas as esferas, municipal, estadual e federal. O IPTU, a TFF, a criação em 2013 da taxa de incêndio, e agora, para coroar, o aumento de 125% e 150% da contribuição previdenciária sobre o faturamento. Esta contribuição, que foi desonerada da folha de pagamento há mais ou menos um ano e meio, veio aliviar os encargos trabalhistas, abrindo uma boa possibilidade de manutenção dos níveis de emprego. Enxergamos um futuro de desemprego devido a recessão do país, e ainda mais agora com este extorsivo aumento da carga tributária.

Onde os governantes acham que vamos arrecadar fundos para pagar estes impostos? Será que se combate recessão como medidas recessivas?

A corrupção está se tornando endêmica no Brasil. Assistimos o mensalão, onde altas figuras do Governo Federal foram punidas com prisão e agora vemos um escândalo ainda maior com a Petrobrás. O julgamento do mensalão com a punição dos culpados não intimidou em nada os corruptos de plantão. Continuaram a zombar dos trabalhadores brasileiros usurpando os cofres públicos com o nosso dinheiro “em nossas barbas”.

É hora de o governo tomar medidas efetivas de economia dos gastos, combater efetivamente a corrupção, pois temos uma das maiores cargas tributárias do mundo sem o devido retorno de serviços à população. Estas sim seriam medidas mais do que necessárias para o momento que vivemos para recolocar o Brasil no rumo certo do desenvolvimento. Chega de aumento de impostos. A capacidade de pagamento das empresas está exaurida.

O Governo Federal precisa rever este aumento da contribuição previdenciária se quiser manter boas taxas de empregabilidade e dar o exemplo da boa economia doméstica.
Governo, faça sua parte!

Marcelo Alexandrino Souza
Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Feira de Santana (ACEFS)

segunda-feira, 18 de maio de 2015

O DIVINO ESPÍRITO SANTO EM FESTA








Foi uma tarde-noite memorável, com direito a sanfoneiros e outros músicos tocando a Ladainha do Divino, acompanhado por um coral de dezenas de pessoas que encheram a praça ao lado da igreja matriz para o lançamento de meu livro sobre a bicentenária Festa do Divino Espírito Santo em Brotas de Macaúbas. O lançamento coincidiu com o início dos festejos deste ano, e se transformou em momento de cultura e de alegria, promovendo o resgate, pois pela primeira vez em nossa terra se reúne em uma publicação a história, depoimentos e fotografias de dezenas de imperadores e capitães do mastro.

A ideia do livro partiu da constatação de que não havia qualquer registro sobre a Festa do Divino em Brotas de Macaúbas. Nem mesmo a Paróquia guarda em seus arquivos os nomes dos organizadores da festa – Capitães do Mastro e Imperadores. Foi preciso muita busca pela memória dos mais velhos. Conseguimos resgatar boa parte dos nomes desses devotos que, como eu, em 1993, tivemos o privilégio de empunhar a Bandeira sagrada do Divino Espírito Santo.

Feita a pesquisa, que não se completou porque muitos dos nomes de imperadores e, principalmente capitães e capitãs, não conseguimos levantar em quase dois anos de pesquisa. De qualquer sorte o livro “Festa do Divino – DNA de Fé do povo brotense” é, como o autor, o jornalista, poeta e escritor Rosalvo Martins Júnior diz, “um primeiro passo e que outros sejam dados para que se resgate a história, a cultura e a vida do povo brotense”. O livro tem projeto gráfico de Maurício Almondes e contou com a ajuda de Sabino Rodrigues. Tem acabamento de luxo, é todo em cores, em papel couché e capa especial.

Vários ex-capitãs e ex-capitães, ex-imperadores e ex-imperatrizes, prestigiaram o lançamento que contou ainda com a presença da prefeita Cristina Sodré, vice-prefeito Orlando Rodrigues, presidente da Câmara Zenilton Alcântara, vereadores Cleiton do Araci e Cleia Alcântara, além de muitos amigos e amigas, a quem agradeço de coração pelo apoio e incentivo.

Texto de Rosalvo Júnior
Fotos de Maurício A. Almondes

ESTUDANTES DE DIREITO PROMOVEM CICLO DE DEBATES



Os alunos do nono semestre do curso de direito da Faculdade Nobre promovem, no próximo dia 27, o VIII Cidefan – Ciclo de Debates da Faculdade Nobre de Feira de Santana. O evento será realizado no salão de convenções do Íbis Hotel, e tem como público alvo alunos e profissionais do direito e também de outros cursos.

“O evento abordará temas da atualidade, de interesse não só das pessoas ligadas ao direito, mas também de outras áreas”, afirma Gabriela Mascarenhas, uma das coordenadoras do Cidefan. Dentre os temas propostos está o Projeto de Lei 4.330/94, que trata da terceirização, e será debatido pelo juiz do Trabalho Adriano Bezerra Costa. Já o juiz Armando Duarte Mesquita Júnior, da área criminal, abordará o tema “Redução da Imputabilidade Penal”.

O professor Igor Nunes Costa, doutor em Ciências Jurídicas e especialista em Direito do Trabalho, ministrará palestra sobre o “Redirecionamento da Execução Fiscal, numa análise do artigo 135 do CNT e sua aplicação”. O último tema a ser abordado será “Os Reflexos do Novo CPC no Direito Empresarial”, que estará a cargo do professor de direito da UFBA, João Glicério de Oliveira Filho.

INSCRIÇÃO

O VIII Cidefan terá carga horária de oito horas, com entrega de certificado. As inscrições poderão ser feitas com os alunos do nono semestre do curso de direito da FAN, na própria faculdade e também em pontos em outras instituições de ensino superior da cidade, além do e-mail direitofan2015.2@gmail.com. O valor da inscrição é R$50,00 para estudantes e R$ 70,00 para profissionais. O evento conta com o apoio da Formandus Eventos e Formaturas.



sexta-feira, 15 de maio de 2015

BLOCO ZERO HORA ENTRA NO RITMO DO FORRÓ

O Zero Hora retornou à avenida em grande estilo

O som do axé já ficou para trás e o ritmo da vez é o forró. Nesse clima, o bloco Zero Hora, que este ano retornou ao circuito da Micareta de Feira de Santana, entra no embalo das festas juninas com toda animação, promovendo o “ForródoZero”. A festa está programada para o dia 10 de julho, uma espécie de despedida do São João e do São Pedro, com a participação de grupos de sanfoneiros e artistas feirenses.

A realização do “ForródoZero” foi definida em reunião/almoço dos coordenadores do bloco, no início da tarde de ontem (14), quando também foi feita a avaliação da participação na Micareta 2015. A ideia é fazer uma festa diferente, a começar pela divulgação: um trio de forrozeiros irá a todas as redações fazer uma prévia para os profissionais de comunicação.

De acordo com a jornalista Neire Matos, uma das responsáveis pela revitalização do bloco, tudo o que for arrecadado com esse e outros eventos que serão realizados até a próxima Micareta será investido na estrutura do bloco. “Pretendemos também promover eventos para os profissionais de imprensa, como cursos de qualificação, seminários e palestras”, anunciou.

Como o Zero Hora não tem fins lucrativos, o que não for utilizado nas promoções ao longo do ano será revertido para ações de cunho social, a exemplo do que é feito pelo bloco Tracajá, que arrecada fraldas geriátricas para doação ao Lar do Irmão Velho. A partir de agora os dois blocos vão estreitar a relação de parceria.

Durante o encontro foi anunciada ainda a criação de um site e uma página no facebook para o bloco. Além de Neire Matos, estiveram presentes Lineia Fernandes, Rose Leal, Eveline Cordeiro, Beatriz Ferreira – leia-se Notre Comunicação – Margareth Cedraz (Jornal Folha do Estado), Madalena de Jesus e Reginaldo Pereira. Estes últimos a rainha e o rei do Zero Hora este ano.

Madalena de Jesus

quinta-feira, 14 de maio de 2015

A ARTE QUE VIVE EM FEIRA


 Armando Sampaio

Museu Regional de Arte/Feira de Santana

"Nossos artistas fazem sala à mostra de pintores ingleses doada por Chateau . Importante doação para dar referencia e visibilidade ao MRA quando da sua inauguração, mas que agora deveria ocupar um espaço mais modesto para que a arte regional baiana tivesse como ser ampliada e mostrada ao publico.
Acho que deveria ser viabilizada uma sala : A ARTE QUE VIVE EM FEIRA.

Um espaço onde estaria em exposição ocasional as obras de inúmeros artistas nacionais que estão restritas à casa de colecionadores locais.Temos boas obras em Feira! Por que não convidar seus donos para as expor ao público no espaço do MRA?

Uma maneira de democratizar a arte, dar à população a possibilidade de contemplação e conhecimento, trazer estudantes para se familiarizar com o conteúdo da arte plastica, adoçar o espirito da população saturado de manifestações alienantes e mau gosto."

Armando Sampaio

segunda-feira, 11 de maio de 2015

O MAIOR AMOR DO MUNDO, SIM SENHORA!


Foto Vera Rabelo (Chapada Diamantina)

Hoje à tarde, um colega de trabalho disse que ontem (10 de maio) foi o pior dia de sua vida. Foi o primeiro Dia das Mães sem a sua mãe. É claro que o sentimento de perda, o vazio, a saudade sem medida, a dor que teima em ficar dentro de nós, nada disso ficou guardado o tempo todo para aflorar no segundo domingo de maio. E ele fez esse comentário com o olhar triste, acho que esperando uma palavra de conforto, algo do tipo “vai passar”.

Sinto muito, mas não passa mesmo! Quando minha mãe se despediu dos nove filhos, todos amados da forma mais intensa e dedicada possível, e dos netos que já conviviam com o seu encanto, sua sabedoria e generosidade, a dor parecia tão infinita quanto o seu amor. Passadas três décadas, ainda lembro de forma nítida do som de sua voz, capaz de tranquilizar o mais inquieto dos corações; seu andar leve, sem pressa e ao mesmo tempo firme; seu sorriso discreto, vindo direto da alma.

Algumas pessoas dizem que carrego seus traços, sem nem sequer imaginarem o quanto fico orgulhoso. Minha mãe era linda! E muito especial. Lidou com as dificuldades impostas pela vida sem reclamar e soube aproveitar o que ela lhe deu de bom. Ensinou a todos nós, filhos e netos, os valores essenciais do ser humano, como caráter, dignidade e, sobretudo, fé em Deus.

Com esses pensamentos vindo em uma velocidade assustadora, ainda diante do meu colega tristonho, me dei conta de que não tenho o direito de ficar triste pela sua ausência. Pelo contrário, eu tenho mais é que ficar feliz, não somente no Dia das Mães, mas todos os dias da minha vida, porque eu posso dizer com todas as letras: Eu tive a melhor MÃE do mundo! Eu nunca tentei imitá-la, pois sei que isso seria absolutamente impossível, e quando me tornei mãe passei a entender ainda mais o significado desse amor incondicional, que nos toma por inteiro.

Agora, chego ao estágio seguinte: sou avó. E, ao contrário do que dizem por aí, o amor não é maior do que o de mãe. Essa possibilidade não existe, simplesmente porque o amor de mãe é o maior do mundo e digo isso sem medo de ser piegas ou recorrer ao lugar comum.  É uma espécie de corrente afetiva que se fortalece a cada dia. Amo o meu neto, porque é filho da minha filha. E ponto.

Madalena de Jesus

sexta-feira, 8 de maio de 2015

O "LOBISOMEM" CONTINUA VIVO

Jornalista André Curvello

A chuva que castigava Salvador chegou até o cemitério Jardim da Saudade bem na hora da missa de corpo presente. Antes das 17 horas, um funcionário do cemitério pediu para que eu saísse do lugar onde estava pois por ali passaria o caixão encoberto pela bandeira do município de Rodelas, no interior da Bahia, onde nasceu o jornalista Anchieta Neri e  cujo o corpo seria cremado pouco tempo depois. Era uma tarde que parecia noite melancólica marcada por dúvidas e tristeza.

A dúvida vinha de uma de uma pergunta comum neste tipo de situação: por que uma morte tão prematura? Por que ele partiu tão jovem? Por que logo ele?  De um irmão, ouvi: “A ficha não caiu”. Enfim, são perguntas que jamais conseguirão ser respondidas e que são feitas todos os dias naquele mesmo lugar. É o mistério da vida. Resta-nos absorver os fatos e tocar em frente e seguir até o dia traçado  pelo nosso destino.

De uma irmã de Anchieta, ouvi que ela não sabia que ele era uma figura tão respeitada e tão querida. De uma das filhas, ouvi que seu pai deixa um exemplo de solidariedade, de simplicidade e de cidadania. Era um sujeito que vivia para a família e que se preocupava com todos que estavam ao seu redor. Foi assim sempre e continuou sendo quando decidiu escolher Feira de Santana como sua terra para viver.

Anchieta Neri era um belo jornalista, um fazedor de amigos. Era também professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, onde ajudou a formar uma geração de gente e cidadãos. Culto, bem humorado, praticava a seriedade e defendida o bom caráter. Foi secretário de comunicação da Prefeitura de Feira. Antes, entre tantas outras missões, foi editor chefe do extinto jornal Feira Hoje. Foi um vencedor.

Costumo dizer que Feira de Santana é a minha segunda cidade. Adotei Feira porque Feira me adotou. Cheguei na cidade em plena eleição presidencial de 1989 e lá morei durante mais de quatro anos. Primeiro, a convite do inesquecível Arthur Luiz D`Almeida Couto, estruturei a redação da sucursal de A TARDE, dentro do programa por ele criado de interiorização do jornalismo. O dr. Arthur era um visionário, um sujeito ímpar. Em seguida, fui secretário de comunicação da prefeitura local, na gestão do dr. João Durval Carneiro.

Naquele período próximo de final de século XX, conheci Anchieta e rapidamente ficamos amigos. Com ele, aprendi muito sobre a cidade e sobre a vida. É importante que a gente sempre reflita sobre nossas ações observando as ações dos outros. Na verdade, Anchieta era um exemplo de solidariedade e compreensão. Ajudou a formar uma geração de jornalistas com o seu talento e bom exemplo.

Não me lembro mais quantos foram os apelidos que lhe foram dados, mas na minha memória os mais marcantes foram “Vira Bicho”e “Lobisomen”. Uma boa turma de profissionais da comunicação costumava se reunir em pontos “estratégicos” na fria noite de Feira de Santana. Quase sempre, íamos para o Ponto do Zequinha, Ferro de Engomar ou para o Timbau. De um “orelhão” próximo, ligávamos para a redação do Feira Hoje pedindo para falar com o editor chefe e quando Anchieta atendia o telefonema algum de nós gritava “Vira Bicho”ou uivava imitando um lobisomen. Do outro lado da linha, a resposta era imediata e obviamente impublicável. Passava o tempo, Feira Hoje fechado, e Anchieta se juntava a uma mesa de bar para discutir política, cultura e dar boas risadas.

Foram várias noites assim, curtindo uma boemia quase saudável tão característica entre jornalistas de outros tempos, discutindo os problemas da cidade, elaborando projetos e sobre tudo consolidando amizades.  Foi uma Feira de Santana que eu vivi, que me acolheu e me ajudou a crescer profissionalmente e que me apresentou a um belo ser humano chamado Anchieta Neri.

Não é exagero afirmar Rodelas está mais triste e que Feira de Santana está de luto. A cidade perdeu um homem simples e do bem, uma daquelas criaturas raras que viveu para fazer o bem. Sinceramente, não acredito que gente deste tipo desapareça. Acho que o “lobisomen” continua vivo.

Sábado, 2 de maio de 2015.

André Curvello, jornalista e Secretário de Comunicação Social do Estado da Bahia.

terça-feira, 5 de maio de 2015

OS SÃO FRANCISCOS DO MUNDO



Armando Sampaio

O sugestivo título da exposição – Os São Franciscos do Mundo – já dá uma ideia do que está à mostra na galeria de Arte Carlo Barbosa, do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca). São diversas imagens do santo Francisco de Assis, um dos mais importantes da Igreja Católica, que ficou conhecido pelas lições de humildade e respeito a todas as formas de vida.

Canonizado em 1228, pelo papa Gregório IX, São Francisco de Assis foi representado das mais variadas formas, por artistas consagrados e populares, ao longo dos séculos. E foi essa multiplicidade de representações que fascinou o empresário feirense Armando Sampaio, a quem pertence o acervo em exposição no Cuca.

"Comecei a guardar imagens de São Francisco de Assis em 1970, atraído por um quadro do artista plástico surrealista Adilson Santos. Ao ler a biografia do santo, fiquei surpreso com a variedade de versões sobre sua trajetória de vida. Naquele momento, pareceu-me haver vários São Franciscos. Foi então que criei na mente a figura do meu próprio Francisco de Assis”, conta Armando.

Em suas andanças pelo mundo, tem procurado uma imagem que corresponda ao seu imaginário. “Não a encontrei ainda. Mas, na busca pela imagem do meu São Francisco, encontrei muitos vivendo entre nós", comenta o empresário e ex-secretário de Cultura de Feira de Santana.

Batizado Giovanni di Pietro di Bernardone, São Francisco nasceu na cidade italiana de Assis, em 5 de julho de 1182. Após viver uma juventude abastada e mundana, aos 24 anos decidiu voltar-se para uma vida religiosa de completa pobreza. Fundou a Ordem Mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, renovando, assim, o catolicismo de seu tempo.

Padroeiro dos animais e do meio-ambiente, São Francisco de Assis cultivou a pregação itinerante em um tempo em que os religiosos costumavam fixar-se em mosteiros. Seguindo à risca o Evangelho de Jesus Cristo, acabou por imitar também a vida dele, desenvolvendo uma profunda identificação com os problemas e sofrimentos de seus semelhantes.

Para o escritor Dante Alighieri, São Francisco foi uma "luz que brilhou sobre o mundo". A pesquisa acadêmica moderna sugere que ainda há muito por elucidar quanto aos aspectos políticos de sua atuação. Sua vida é reconstituída a partir de biografias escritas pouco após a sua morte, em  3 de outubro de 1226, mas, para muitos estudiosos, essas fontes primitivas ainda estão à espera de edições críticas mais profundas e completas, que venham a revelar sua verdadeira estatura como figura histórica e social, e não apenas religiosa.

(Com informações da Ascom/Uefs)