quinta-feira, 28 de julho de 2011

EM BUSCA DA CURA

Por Madalena de Jesus












Cida, seu filho Victor Souza e Madalena de Jesus, que está apresentando o programa Um Toque de Mulher



Emoção, alegria, esperança e paz. Foram estes os sentimentos que vivenciei durante os dias que passei em Barretos, no Estado de São Paulo, cidade que até então eu só ouvira falar pela magnitude da Festa do Peão e pela referência de um hospital especializado no tratamento do câncer. Agora, eu descobri de verdade o que esse lugar representa.

Fui visitar minha amiga e comadre Aparecida Machado, que está lá há exatos 31 dias. A saudade era imensa, talvez do mesmo tamanho da ansiedade para ver de perto tudo que está acontecendo em seu tratamento. A propósito, já se passaram duas sessões de quimioterapia e ela lá, forte como uma rocha e com uma fé inabalável.

Em volta dela, pessoas que vivem problemas similares e estão em busca da cura. Todas vivendo numa simplicidade comovente, porque entendem que são iguais – muda apenas a parte do corpo atingida pelo câncer. A convivência no alojamento, nas pousadas e no hospital é perpassada por um sentimento cada vez mais raro entre nós: a solidariedade.

No cotidiano no alojamento Madre Paulina, nas horas das refeições, assistindo televisão com os hóspedes e acompanhantes ou remexendo as peças do bazar permanente na entrada principal, conheci muitas pessoas e ouvi inúmeras histórias: de renúncia, de perdão, de auto conhecimento e, sobretudo, de amor.

O marido que aprendeu a fazer tricô para tornar mais agradáveis as horas no alojamento; o filho que trata do visual da mãe para deixá-la sempre bonita; a esposa que vive inventando receitas para o marido não perder o apetite; a filha que viaja três mil quilômetros duas vezes por mês para não perder o contato com o pai.

Os exemplos são muitos. E eu não posso deixar de citar o “meu” exemplo: Victor. Um garoto de 21 anos que se tornou símbolo de amor e dedicação à mãe e, da mesma forma que Júnior, deixou tudo para trás e foi viver lá. O cuidado com Cida está acima de qualquer outra coisa, desde a medicação e o alimento nas horas programadas, ao passeio na área externa.

Confesso que tive que segurar as lágrimas em muitos momentos. Em um deles, não consegui. Foi quando oramos juntas na capela do alojamento, diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Mas imediatamente me vieram à mente as sábias palavras de Madre Paulina: “Nunca, jamais desanimeis, embora venham ventos contrários”.

Do outro lado do alojamento, o grandioso – em todos os sentidos – Hospital do Câncer de Barretos, mantido pela Fundação Pio XII. Por lá passam por dia cerca de 3.500 pessoas em busca de tratamento. E encontram. O questionamento, com uma ponta de inveja, vem na hora: Por que na minha cidade, no meu estado não é assim?

A unidade hospitalar conta com apenas 30% de todo o seu custo de manutenção patrocinado com verbas públicas. Todo o restante vem por meio de doações, principalmente de artistas, como Ivete Sangalo, Sérgio Reis, Zezé de Camargo e Luciano, Xuxa e muitos outros, bem como de muitas pessoas anônimas.

Depois dessa estada em Barretos, um lugar que lembra o infinito descrito por Egberto Costa em um de seus poemas – ... “onde as pessoas são iguais e simplesmente se amam...” – retornei com uma certeza. Se a cura de Cida se der pelos avanços da medicina, ela está no lugar certo. Se for por um milagre divino, ela está pronta para receber. Mas a cura virá.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

AGORA É A CAMINHADA DO FOLCLORE















A Caminhada do Folclore é realizada há 12 anos e se constitui em uma das maiores manifestações culturais de Feira de Santana e é o único evento do gênero em toda Bahia.




A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), por meio do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) realizará no dia 21 de agosto, a XII Caminhada do Folclore. O propósito é preservar, valorizar e divulgar as manifestações culturais do povo nordestino. Um grande desfile leva para as ruas grupos folclóricos que mostram diferentes aspectos dos traços culturais de Feira de Santana e de outros municípios da Bahia.

As inscrições continuam abertas até o dia 5 de agosto, no Cuca, no horário comercial. Até agora estão inscritos grupos de Feira de Santana e de outras cidades baianas, que vão apresentar puxada de rede, quadrilha, capoeira regional e de angola, literatura de cordel, bumba meu boi, samba de roda, afoxé, reisado, samba, caretas, entre outras manifestações.

Inserida no Guia de Bens Culturais do Brasil, a Caminhada do Folclore, único evento com esse perfil em toda a Bahia, vem desencadeando um movimento de resgate e revitalização dos grupos locais, evitando a sua extinção. Marca também o encerramento das comemorações da Semana do Folclore.

Já em 12ª edição, a Caminhada se firmou como evento de grande porte, reunindo durante o desfile, os grupos participantes, além de milhares de pessoas que se deslocam dos mais diferentes lugares para prestigiar o cortejo.

Celismara Gomes, diretora do Cuca, observa que ao longo desses 11 anos, “a caminhada vem passando por um processo de revitalização, trazendo para as ruas os grupos realmente comprometidos com a cultura de raiz”. A partir desse enfoque, o evento tem apresentado várias mudanças, alcançando repercussão fora dos limites de Feira de Santana. A Caminhada conta com o apoio da TV Subaé, SESC e Prefeitura Municipal, através de diversas secretarias.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

FEIRENSE ESTUDA MODA EM PARIS










Renata Pitombo (centro) em evento sobre moda na Sorbonne



A jornalista Renata Pitombo participou em Paris, onde conclui estudos de pós-doutorado na área de Moda,de colóquio sobre “Moda e Estilo”, na Universidade Paris V, Sorbonne. Durante o encontro, ela
falou sobre o tema “O Gosto na Moda”.

Sobre o curso de estilismo do qual participou na Escola de Moda -
ESMOD, a jornalista disse que “foi uma experiência interessante e
extremamente rica”.

Renata aproveitou o tempo livre para visitar a exposição Madame Grès
- La couture à l'oeuvre. “Trata-se uma estilista francesa muito
conhecida, que ficou famosa por seu trabalho com o drapeado. Sua
produção foi extensa, entre os anos 30 e 80”, explicou.

DEUS NUNCA ERRA

Um rei que não acreditava na bondade de DEUS. Tinha um servo que em todas as situações lhe dizia: Meu rei, não desanime porque tudo que Deus faz é perfeito, Ele não erra!

Um dia eles saíram para caçar e uma fera atacou o rei. O seu servo conseguiu matar o animal, mas não pôde evitar que sua majestade perdesse um dedo da mão.
Furioso e sem mostrar gratidão por ter sido salvo, o nobre disse: Deus é bom? Se Ele fosse bom eu não teria sido atacado e perdido o meu dedo.

O servo apenas respondeu: Meu Rei, apesar de todas essas coisas, só posso dizer-lhe que Deus é bom; e ele sabe o porquê de todas as coisas. O que Deus faz é perfeito. Ele nunca erra!

Indignado com a resposta, o rei mandou prender o seu servo. Tempos depois, saiu para uma outra caçada e foi capturado por selvagens que faziam sacrifícios humanos.
Já no altar, prontos para sacrificar o nobre, os selvagens perceberam que a vítima não tinha um dos dedos e soltaram-no: ele não era perfeito para ser oferecido aos deuses.

Ao voltar para o palácio, mandou soltar o seu servo e recebeu-o muito afetuosamente. Meu caro, Deus foi realmente bom comigo! Escapei de ser sacrificado pelos selvagens, justamente por não ter um dedo! Mas tenho uma dúvida: Se Deus é tão bom, por que permitiu que você, que tanto o defende, fosse preso?

Meu rei, se eu tivesse ido com o senhor nessa caçada, teria sido sacrificado em seu lugar, pois não me falta dedo algum.

Muitas vezes nos queixamos da vida e das coisas aparentemente ruins que nos acontecem, esquecendo-nos que nada é por acaso e que tudo tem um propósito. Toda a manhã ofereça seu dia a Deus.

Peça para Deus inspirar os seus pensamentos, guiar os seus atos, apaziguar os seus sentimentos. E nada tema, pois DEUS NUNCA ERRA!

Texto enviado por Tilda Brasileiro e lido no programa "Um Toque de Mulher" do dia 16 de julho de 2011.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

E O PAPELÃO VIRA ARTE...














Por Madalena de Jesus

Terapia, paixão ou as duas coisas ao mesmo tempo. É assim a relação de Ronaldo Bispo Cerqueira com as peças em miniatura que cria, cópias fiéis de automóveis, aviões e embarcações militares. Tudo feito em papelão e cartolina, mais alguns objetos cuidadosamente selecionados e muita imaginação, nas horas de folga do trabalho na Prefeitura de Campus da FTC Feira.

Não é à toa que o resultado final de cada peça leve o autor ao êxtase. A inspiração, segundo ele, vem de Deus “que me privilegiou com este talento”. Já o estímulo vem da família, dos amigos e colegas de trabalho. Aliás, é no setor em que atua que Ronaldo Réplicas, como ficou conhecido na instituição, expõe suas obras como verdadeiros troféus.

Aos 37 anos, casado com Miraci Estêvão de Souza, Ronaldo confessa que o segredo está na concentração. Sua meta, a cada trabalho iniciado, é alcançar a perfeição da peça modelo, como a aeronave americana de combate F-15, o Opala SS 1978 da Chevrolet, ou ainda a fragata Bronstein FF – 1037 da Marinha Americana. “Tudo é produzido nos mínimos detalhes”, diz, orgulhoso.

Envolvido com o sucesso de sua primeira exposição, que aconteceu durante um evento de empreendedorismo na própria faculdade, o artista se dedica também aos desenhos em formato de caricaturas. “Tudo começou por brincadeira, para satirizar os colegas”, conta Ronaldo, ainda tímido diante da repercussão de seu trabalho, que ele pretende ampliar e profissionalizar.

CASA ARRUMADA















Texto enviado pela professora Karla Figueiredo,da FTC Feira, e lido na abertura do programa "Um Toque de Mulher" no dia 9 de julho de 2011

Casa arrumada é assim:Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 13 de julho de 2011

PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Por Madalena de Jesus

Como profissional de comunicação (jornalista e radialista) e professora da área de Letras, jamais poderia aplaudir atentados contra a nossa língua, já tão sofrida por conta dos remendos recebidos ao longo da história. Até porque trabalho com produção textual e a nós, graduados e conhecedores das normas da linguagem dita padrão, não é dado o direito de ignorar os códigos que norteiam a nossa gramática.

Mas daí a usá-los para praticarmos o mais cruel dos preconceitos – o linguístico – a distância é grande. Se teóricos da Língua Portuguesa (Marcos Bagno, por exemplo) fazem manifestações contra essa conduta e admitem o uso do PNP (Português Não Padrão), por que eu, pobre mortal, tenho o direito de criticar quem quer que seja?

E só a título de ilustração, indico a leitura dos poemas “O Poeta da Roça”, de Patativa do Assaré, e “Vício na Fala”, de Oswald de Andrade.

O Poeta da Roça


Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)

Vício na fala

Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

A FOTO, O SILÊNCIO E A FALA
















Na foto,Cida acarinhada por Bárbara e Guadalupe

A Valdenir Lima e Aparecida Machado

o que melhor os retratos
apreendem não são as imagens,
cerzidas à precisão de olho e luz.

são os sons em silêncios
mudos. e neles, os dizimentos
mais profundos. que diz aquele
menino ali, que tanto cala
em tanto silêncio nato
em tanta silenciosa fala?

que diz aquele menino
no canto mudo da foto e da sala?

silêncio: o retrato guarda
respeito solene, e bem
mais que mudo, a quem se cala.

Autor: Jozailto Lima - Jornalista e poeta