quarta-feira, 9 de abril de 2014

GENTE QUE BRILHA


Dimas Oliveira

Oydema Ferreira mais uma vez usa a sua coluna no Jornal Folha do Estado para homenagear. Uma iniciativa que merece aplausos, principalmente porque ele ressalta sempre o que há de melhor nas pessoas. Coisa rara nos dias atuais... Um dia tomarei coragem para fazer um texto com igual primor, no qual direi com toda convicção: Oydema é Gente que Brilha! Mas agora é a vez de Dimas Boaventura de Oliveira. Veja o que Dema escreve sobre ele:

É feirense de coração e está em Feira de Santana desde o início dos anos 50. No jornalismo iniciou-se a partir de 1967, escrevendo sobre cinema, teatro, artes plásticas, política, turismo e variedades. E isso ocorreu no extinto jornal “Situação” – com mais de 50 colunas escritas entre 1967 e 1971, as quais vão estar no seu primeiro livro, “cinema demais”, a ser lançado em maio.

Foi editor de jornais além das revistas “Carta da Feira” e “Auge”, atuou ainda nos jornais “Gazeta Feirense”, “Tribuna da Bahia” e na revista “Panorama”. Atualmente, escreve coluna semanal nos jornais “Noite e Dia”, “Folha do Norte” e “Municípios em Foco” sobre cinema, sua especialidade.  Também participou de programas radiofônicos nas rádios Princesa e  Subaé.

De 1º de janeiro de 2001 a 3 de dezembro de 2010, foi diretor do Departamento de Publicidade da Secretaria de Comunicação Social e desde 3 de janeiro de 2013 é chefe de gabinete da Secretaria de Comunicação Social.

Em 2006 foi distinguido com a Ordem Municipal do Mérito no grau de Oficial, na área de Comunicação Social. Há 31 anos integra o Rotary Club de Feira de Santana, do qual foi presidente no ano rotário 2000-2001 e detém o título Companheiro Paul Percy Harris de Rotary Internacional. O seu Blog Demais, que mantém desde julho de 2007, é dos mais acessados.

Destaca-se por sua luta pela cultura e preservação da memória de Feira de Santana.  Como religioso, é membro ativo da Igreja Batista Bethânia. É casado com Doralice Rabelo de Oliveira há 38 anos, tem três filhos e netos.

Dimas “vive a cultura” desde jovem, amante do cinema e de todas as artes, é uma existência dedicada a propagar e expandir em suas formas e criações. É uma pessoa especial, “GENTE QUE BRILHA”, sempre e em tudo.

domingo, 6 de abril de 2014

OCASIÕES DE FICAR CALADO



Dia desses encontrei um amigo após algum tempo sem nos ver. Beijos afetuosos, abraços, troca de palavras carinhosas, enfim essas que acontecem em reencontros entre pessoas que se gostam. Até aí tudo bem. Na despedida, veio a frase desavisada, absolutamente dispensável para o momento: _ Dá um beijo em... A resposta me deixou zonza: _ Isso é meio difícil; estamos separados. Por isso sei perfeitamente do que Fernando Sabino trata nesse excelente texto sobre gafes. 

_ Como vai indo seu marido, que há tanto tempo não vejo?

_ Meu marido morreu há dois anos, o senhor não sabia?

Cumprida a primeira parte da gafe, saio impávido para a segunda:

_ Que coisa terrível, eu não sabia! Me desculpe, mas andei viajando...

E não tendo mais o que dizer, repito para o cavalheiro que a acompanha:

_ Terrível, não acha?

Mas ele não pensa assim:

_ Não acho não: sou o atual marido dela.

A consciência de que a gafe em geral se compõe de duas partes distintas. Ficar sempre na primeira, jamais tentar consertar. Ao contrário da Loteria Federal, não insista, desista! Eis o que eu, empedernido praticante, tenho a aconselhar aos meus companheiros de infortúnio. A gafe é vertiginosa e se faz anteceder de uma espécie de aviso, antecipa-se na sensação de que caminhamos no ar, como num desenho animado:

_ Como foi bom encontrar você! Eu já estava achando esta festa chatíssima. Vamos embora daqui?

_ Não posso, sou a dona da casa.

Ou esta outra, mais comum ainda:

_ Com aquela mulher ali eu não dormia nem de graça.

_ Aquela mulher ali é a minha esposa.

Se o infeliz acrescentar que neste caso dormia sim, não estará apenas caindo de quatro: estará se precipitando no abismo da mais imperdoável inconveniência, que vem a ser a repetição literal de uma velha anedota.

São gafes tradicionais, decorrentes em geral das relações de parentesco ou dos encontros de circunstância, a que os mais insensatos como eu raramente escapam. Não há como resistir ao poder magnético dos assuntos traiçoeiros, que vão espalhando armadilhas a cada passo, e nos levam sempre a falar em corda justamente na casa do enforcado.

Se sabemos que a gafe é irreversível, por que tentamos teimosamente remendá-la, afundando-nos cada vez mais?

É que ela nem ao menos é sincera. Fôssemos autênticos e verazes na convivência, a gafe se desarmaria ao peso de sua própria legitimidade. E deixaria de ser gafe.

Foi essa, pelo menos, a solução encontrada por um amigo meu, vítima também dessa maldita sina, e que ontem me dizia ter-se conformado, passando a praticá-la deliberadamente.

_ Você é parente dele? Que horror!

_ Morreu? Meus parabéns.

_ Não sei como você, tão simpática, pode ter um marido tão chato.

_ Fui cair logo ao seu lado neste banquete, mas veja só que azar o meu.

_ Aliás, pelo que eu soube, a senhora não é tão velha quanto parece.

_ Não aguentei ler até o fim. Ah, foi o senhor que escreveu? E ainda tem coragem de confessar?

Com isso ele passou a ser considerado homem do mais fino espírito – excêntrico, desconcertante, é verdade – mas de esmerada educação. Apesar de tudo, outro dia recebeu o troco que lhe era devido, funcionando desta vez como receptor de uma gafe, ao dizer a uma jovem que está escrevendo um romance: a história de um mau-caráter. E ela, inocentemente:

_ Autobiográfico?