sexta-feira, 23 de maio de 2014

ALEGRIA



Aproveita que hoje tô palhaça quero pintar o nariz
de vermelho vestir a saia rodada demorar em
frente ao espelho botar cabelo de boneca e aquele
batom vermelho sair logo pra essa festa me
empanturrar de brigadeiro depois jogar conversa
fora chorar trancada no banheiro .

Lia Sena (em POR TODO RISCO)

quarta-feira, 21 de maio de 2014

OS DOIS HORIZONTES




Dois horizontes fecham nossa vida:

Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro, —
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.

Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais.
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.

Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.

No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.

Que cismas, homem? — Perdido
No mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem? — Procuro,
Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.

Dois horizontes fecham nossa vida.
Machado de Assis
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Mais Informação

Não sublimei o seu amor
apenas renunciei.
Pois você disse uma vez: foi muito bom o que aconteceu;
sendo assim houve descaso,
você conformou,
não lutou e foi-se consolando.
Aprendi também a me consolar.

Machado de Assis

terça-feira, 20 de maio de 2014

ABERTAS INSCRIÇÕES PARA O PRO-CULTURA/ESPORTE



Estão abertas até o dia 16 de junho as inscrições para o programa Pro-Cultura/Esporte, que é uma parceria da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (SECEL), Fundação Municipal de Tecnologia da Informação, Telecomunicação e Cultura Egberto Tavares Costa (FUNTITEC) e Secretaria Municipal da Fazenda (SEFAZ), desenvolvida desde 1997. O mecanismo integra o Sistema Municipal de Fomento à Cultura.

O objetivo o programa é promover ações de patrocínio cultural por meio de renúncia fiscal, contribuindo para estimular o desenvolvimento cultural de Feira de Santana, ao tempo em que possibilita às empresas patrocinadoras associar sua imagem diretamente às ações culturais que considerem mais adequadas.

Através do Programa, é possível financiar a atividade cultural e esportiva, mediante abatimento do ISS a recolher. Para receber o abatimento, é necessário que a empresa patrocinadora contribua com recursos próprios equivalentes a, no mínimo, 20% dos recursos totais transferidos ao projeto.

Neste ano, o Por-Cultura/Esporte ampliou o seu alcance e passou a contemplar também as expressões e os bens de natureza material e imaterial discriminados na lei orgânica da cultura da Bahia. Serão, portanto apoiados também projetos culturais nas áreas de Patrimônio Material e Natural; Artes Cênicas e Música; Artes Visuais e Artesanais; Design e Serviços Criativos; Audiovisual e Mídias Interativas; Educação e Qualificação Culturais; Patrimônio Imaterial; Memória e Preservação; Espaços Culturais.

O valor total da renúncia fiscal a ser obtida através da captação pelos projetos apoiados equivale a R$ 430 mil, distribuídos entre as diversas áreas da cultura e do esporte. As inscrições podem ser feitas na sede da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, das 09h às 12h e das 14h às 17h.

As instruções para participação e os documentos do edital estão disponíveis no site http://www.feiradesantana.ba.gov.br/secel. para obter informações basta ligar para (75) 3221-5079.

Com informações da Secom/PMFS

segunda-feira, 19 de maio de 2014

ESTRELAS SÃO PALAVRAS QUE DEVEM BRILHAR




Certo dia imaginei um mundo novo brotar,
Sonhei acordado que as estrelas
Eram palavras ao mar.

Sonhei que elas boiavam,
E que precisavam de alguém para ajudar,
Ajudá-las nessa labuta,
Ajudá-las nessa missão,
Ajudá-las a não se afogarem
Nessa imensa vastidão.

Daí um fecho de esperança apareceu,
Eram crianças tão vívidas
Que o céu resplandeceu.

As estrelas entusiasmadas
Começaram a brilhar,
Seus brilhos eram tão fortes
Que as crianças começaram a matutar:
Devemos pegá-las e salvá-las,
Caso contrário elas irão afundar.
Enquanto se aproximavam,
Perceberam uma mutação,
As estrelas se transformaram em palavras,
Que estavam presas em cada coração.

A esperança brilhou;
A sabedoria brilhou;
A tolerância brilhou;
A amizade brilhou
E por fim o amor brilhou.

No fim as crianças perceberam
Que as palavras são estrelas,
Que precisam ser enxergadas
Para brilharem eternamente,
E assim iluminar o mundo de cada um.


Deivison Santos

domingo, 18 de maio de 2014

DATA MEMORÁVEL




Nenhuma das efemérides que a Pátria costumava lembrar com demonstrações de júbilo e civilismo, como a da Independência, Proclamação da República e Abolição mereceram mais atenções e referências do que as dedicadas ao cinquentenário da Revolução de 64. Todas, evidentemente, para demonstrar erros, excessos e descomedimentos do regime militar e tentar manter a base de sustentação que deu o governo do país à chamada esquerda.

A grande plataforma da esquerda tem sido o combate ao Movimento de 64, mas o tempo passou, 64 vai ficando longe  e é necessário diariamente tratar do assunto com os exageros possíveis, que levaram até à exumação de vítimas de prováveis assassinatos, ex-presidentes, hipótese desfeita  pela perícia médico-legal, o que dá a certeza alentadora de que ainda restam pessoas honestas neste país.

A velocidade dos fatos desencadeados no 31 de março surpreendeu até as lideranças das Forças Armadas. O país inteiro vivia clima de preocupações e incertezas. Quando o movimento foi deflagrado, esperava-se luta e resistência em alguns Estados, inclusive na Bahia.   Um chefe revolucionário confidenciou, tempos depois, a amigos, que as forças revolucionárias, se encontrassem forte resistência em Salvador, pretendiam instalar em Feira de Santana centro de comando de operações. A fuga precipitada do presidente João Goulart para o Uruguai, poucas horas depois de deflagrado o movimento, surpreendeu a todos.

Na Bahia houve apenas a posição dúbia do governador Lomanto Jr., que provocou hesitações e dúvidas. Um cidadão, que colhia assinaturas em abaixo-assinado pedindo a deposição do prefeito desta cidade foi preso pela Polícia Militar.  Chefes políticos e o povo não sabiam o que iria acontecer. Alguns políticos desapareceram para não assumir posições. Preso o prefeito e afastado, definitivamente, do cargo, os boatos, muitos deles alarmantes, tomaram as ruas. Em pesado ambiente de confusão e incertezas toda a responsabilidade caiu nas costas da Câmara. Altamir Lopes, vice-presidente do Legislativo, assumiu a Prefeitura até a posse do prefeito que a Câmara elegeu, Joselito Amorim, que livrou o Município do descrédito, da inoperância e da situação de insolvência em que se encontrava.

A Câmara nunca sofreu pressões para decidir e mente quem afirma, hoje, que deliberou cercada de metralhadoras. Tomou medidas acertadas num momento de crise. Combateu decisões judiciais concedidas sob encomenda e deu cunho de legalidade às suas deliberações. Houve quem sugerisse o “impeachment” do prefeito deposto e várias outras disparatadas soluções foram aventadas. Nomes foram lembrados para ocupar a Prefeitura mas a Câmara, por sua maioria, que era apenas de um voto, agiu com serenidade, buscando o único caminho possível em  momento de extrema gravidade. Declarou vago o cargo de prefeito, o que era inquestionável, e elegeu, para a chefia do Executivo, o seu presidente, o único vereador que tinha experiência de governo.

Amorim construiu o Estádio,o prédio do Ginásio Municipal,restaurou as combalidas finanças municipais e a confiança do comércio no governo.O cinquentenário da Revolução merece reverências mas dos que se disseram perseguidos e humilhados e a usaram para se eleger, se projetar e continuar a viver sem nada fazer a não ser em proveito próprio. Mas, a Câmara, ao devolver, recente e simbolicamente, o mandato ao prefeito deposto, praticou apenas ato demagógico. Ninguém devolve o que não tirou e nunca possuiu.

Hugo Navarro

Publicado no Jornal Folha do Norte em 16/05/2014

sábado, 17 de maio de 2014

FUTEBOL E MULHER EM EXPOSIÇÃO MO MAC





Futebol e Mulher. Dois temas recorrentes no cotidiano dos brasileiros, mas que nunca deu muito certo juntos. Desafiando essa visão tradicional, o Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira (MAC) apostou nessa união e abriu, na noite de ontem, 15, ao mesmo tempo, as exposições dos artistas plásticos Joaquim Franco e Lene Franpper. A obra dele fala da paixão do Brasil pelo futebol; a dela, do universo feminino.

A chuva forte que caía durante a noite não impediu que um grande público prestigiasse a vernissage dupla. Os artistas receberam os convidados em alto estilo, diante de suas obras que chamam a atenção não somente pelo estilo, como pela criatividade. No “País do Fútilboy, onde os campos de futebol são eternos”, ou na diversidade do “Universo feminino e suas nuances”, Joaquim e Lene esbanjam talento.

A relação com o futebol desde menino, o grande número de craques brasileiros e o fato da Copa do mundo 2014 ser no Brasil foram alguns fatores que levaram Joaquim Franco à escolha do tema para as 58 infogravuras e duas telas com pintura computacional. Ele retrata os craques – especialmente Pelé, destaca o futebol feminino e a superação por meio do esporte, personagens da literatura e até Jesus Cristo, que aparece em um dos quadros como goleiro.
                 
Nas telas em acrílico sobre tela de Lene Franpper, que desenha e pinta desde criança, mas só agora expõe sua obra, a mulher aparece em estilo figurativo no exercício de suas múltiplas habilidades: a mãe carinhosa e protetora, a professora, a missionária, a sedutora, a religiosa. As cores verde e azul predominam nessa fase da artista feirense, que é graduada em Educação Física, tem 37 anos e confessa que se inspira na própria mãe para compor a sua arte.

Madalena de Jesus