sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

E ASSIM SE PASSARAM TRÊS DÉCADAS



Por Claudio Rodrigues*

Quando desembarquei no Terminal Rodoviário de Itabuna, no dia 30 de dezembro de 1992, acompanhado da amiga/irmã e futura comadre Madalena de Jesus, estávamos iniciando uma aventura na “Terra do Sem Fim”, sob o comando do mestre José Carlos Teixeira. 

O desafio era modernizar a Comunicação Social do governo do então prefeito Geraldo Simões. Meu projeto pessoal era ficar seis meses na cidade-mãe de Amado Jorge.

Logo na chegada, descobri que havia uma colônia feirense enraizada em Itabuna composta pelo professor Tustão Andrade, o design Paulo Fumaça e o saudoso gerente-comercial do Correio da Bahia para a região Sul, Robson Nascimento. Descobri que feirense e mato são quase iguais, pois brota em todo canto.

Eis que o tempo foi passando, o ciclo de amigos no governo, nos veículos de comunicação e fora desses meios foram aumentando e a gente se apegando a essa terra. A cada 15 dias pegava a rodovia BR-101 rumo a Feira, a fim de encontrar a então amada namorada.

Depois de fazer algumas contas, chegamos à conclusão de que era melhor juntar as escovas e constituir família. Pensem numa escolha acertada!

Posso assegurar que essa água mágica do Cachoeira (fornecida pela Emasa), o vento que sopra na gente e a areia do chão de Itabuna são como visgo da jaca e a nódoa de caju, colam na gente e não saem de jeito algum. 

Itabuna me possibilitou constituir uma bela família. Mas não foi só isso. Essa terra encantadora também me deu alguns amigos-irmãos, a exemplo de Luiz Conceição e Daniel Thame (hoje meus compadres), Ramiro e Ricardo Aquino, Devinho Samuel, Lula Viana, Jackson Primo, Ricardinho Ribeiro, Reinaldo Jovita, Josiel e Norma Nunes, Fernand Milcent, Heitor Abijaude e César Sena.

Além desses irmãos, vieram uma legião de amigos aos quis amo e prezo. A exemplo do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que nesse mês completaria 110 anos de nascimento, posso afirmar que sou um catingueiro feliz. 

Se eu nascesse de novo, queria ser o mesmo Cláudio. Se eu nascesse de novo e pudesse escolher, mais do que eu sou não queria ser. Eu queria nascer em Feira de Santana, a Terra de Lucas.  Eu queria ser filho de dona Peu, neto de Adelino e Silvina, marido de Maria Martha, pai de Héctor, Heitor e Antônio Neto, e genro de Inês Borges e Antônio Mendes. 

Quando eu tivesse com meus vinte e poucos anos, eu queria desembarcar novamente em Itabuna, me apaixonar por essa cidade e sua gente. E, se eu nascesse de novo e pudesse escolher, escolheria viver tudo isso novamente.

*Jornalista, assessor de comunicação da Emasa

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

TUDO EVOCA SACRALIDADE


Por Jailton Batista

Uma das mais singelas capelas do Brasil está incrustada numa gruta em Bom Jesus da Lapa, no meio oeste da Bahia. Quem ali adentra, não há como não ser impactado, pois tudo evoca sacralidade. Do teto, esculpido pela ação silenciosa do tempo, descem pináculos invertidos de estalactites como se fossem candelabros. Em frente ao altar mor, no centro da capela, um deles verte gotas d’água que um crente diria que seriam lágrimas de Cristo que caem ritmadamente como uma nota musical. 

Esse milagre da natureza poderia ser bem aproveitado numa pia batismal ou em outra cerimônia sacramental para purificar tantas almas pecadoras que ali vão beber na fonte de Deus. Fica aí a sugestão. No interior da caverna sacra há pequenos labirintos onde fiéis ou curiosos percorrem diminuídos pela aura transcende  do lugar. 

Lá fora, a missa campal ao pé da montanha e ao lado da embocadura do templo de pedra, um padre conduz a cerimônia principal sob o fervor dos cânticos entoados por jovens de um coral bem afinado, colorindo a liturgia de uma musicalidade que nos faz imaginar que estamos na porta do céu sendo saudados por anjos com seus alaúdes e cítaras numa festa de conversão.