quinta-feira, 27 de agosto de 2015

MÚSICA INVADE O PLENÁRIO DA CÂMARA MUNICIPAL



Fim da sessão especial comemorativa dos 160 anos do congregacionalismo no Brasil. E de repente a Casa da Cidadania foi invadida pela música. Primeiro o cantor Firmino Filho emocionou os presentes entoando louvores como “A Grandeza de Deus”. Em seguida o plenário da Câmara Municipal de Feira de Santana virou palco para apresentação do Coral da Igreja Evangélica Congregacional. Dezenas de vozes diferentes unidas para dar glória a Deus, sob a condução do Pastor Carlos Roberto Gonçalves dos Santos. Foram apenas alguns minutos, mas quem permaneceu no local viveu um momento especial.

Madalena de Jesus

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

EU SOU ALEGRIA EM TEMPO INTEGRAL



Dentre os muitos desafios que já enfrentei na vida, um dos mais difíceis e, ao mesmo tempo, gratificante foi trabalhar produção de texto com uma turma formada quase 100% por índios - apenas uma aluna não era oriunda da aldeia em questão. Era início de 2008. Eu lecionava no curso de Letras da Faculdade Regional de Ribeira do Pombal (FARRP). Diante da dificuldade de interagir com a turma, já que ninguém  se manifestava de forma alguma, resolvi estimulá-los a falar de sua aldeia, o modo de vida, a cultura de seu povo e, claro, de si mesmos. Inútil. Foi aí que lembrei de uma atividade simples, na qual você se auto-define apenas por meio daquilo que gosta. A título de demonstração, fui ao quadro e fiz o meu perfil. O resultado foi surpreendente e ainda hoje tenho guardados os textos maravilhosos que eles produziram . Eis o que eu sou. 


Sou girassol, rosa vermelha, flores do campo
Sou café, bolo e cuscuz de milho
Frango de qualquer jeito, ovo também
Sou frigideira, de repolho ou de maturi
Sou caju, banana, abacaxi, mamão
Suco de frutas
Sou banana da terra, fruta pão, aimpim
Sou jornalismo e literatura
Sou Machado de Assis, Mário Quintana, Ariano Suassuna
Clarice Lispector, sou demais!
Sou poesia!
Sou Glória Pires, Tony Ramos, Marcos Caruso
Sou novela, final então...
Sou cinema, teatro, música e artes plásticas
Sou Gil, Caetano, Ivete, Carlinhos Brow, Roupa Nova,
Zé Ramalho, Fred Mercury
Sou Micareta, São João e Carnaval
Sou praia, mais do que fazenda
Vestido mais do que calça
Sandália mais do que sapato
Dia e noite, tanto faz
Sou vida
Sou alegria em tempo integral!

Madalena de Jesus

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

AMADORES VENCEM CONCURSO FEIRENSE DE FOTOGRAFIA




Os vencedores: Albery Pires França (Foto 1), 1º colocado; Luciana Cerqueira de Oliveira Queiroz (Foto 2), 2ª colocada; e Iana Souza Soares (Foto 3), 3ª colocada.


Uma exposição fotográfica aberta nesta quarta-feira (19), no Foyer do Museu Parque do Saber Dival da Silva Pitombo, marca a passagem do Dia Mundial da Fotografia em Feira de Santana. Estão expostas fotografias históricas de Antônio Magalhães, fundador do Sindicato dos Fotógrafos Profissionais de Feira de Santana (Sindfofs), e do extinto jornal "Feira Hoje" e de fotógrafos amadores que participaram do 15º Concurso Feirense de Fotografia promovido pela entidade.

Magalhães apresenta fotos históricas como o registro da vinda do ex-presidente Ernesto Geisel a Feira de Santana, do ex-governador Antônio Carlos Magalhães inaugurando módulos na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), da extinta Ponte do Rio Branco e de diversos pontos históricos do município.

O  Concurso Feirense de Fotografia, promovido pelo Sindicato dos Fotógrafos de Feira de Santana, com tema livre, teve como vencedores Albery Pires França, 1º colocado; Luciana Cerqueira de Oliveira Queiroz, 2ª colocada; e Iana Souza Soares, 3ª colocada. Os três são fotógrafos amadores.

As placas de premiação deste ano, doadas pela Secretaria de Comunicação Social, homenageiam a cidade de Feira de Santana. Os trabalhos foram julgados por Valdomiro Silva, secretário de Comunicação Social, jornalista Dimas Oliveira e professor Thiago Oliver, coordenador do Curso de Comunicação da Unef.

Com informações do Blog Demais

sábado, 15 de agosto de 2015

UTOPIA



Das muitas coisas
Do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
O aconchego de meu lar
No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A família se ajeitava
Lá no alpendre a conversar

Meus pais não tinham
Nem escola, nem dinheiro
Todo dia, o ano inteiro
Trabalhavam sem parar
Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso, seu olhar

Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava
E perguntava
Quem fizera estrepolia
E mamãe nos defendia
Tudo aos poucos se ajeitava

O sol se punha
A viola alguém trazia
Todo mundo então pedia
Pro papai cantar com a gente
Desafinado
Meio rouco e voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar ao sol poente

Passou o tempo
Hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Quando tantos não a tem
Agora falam
Do desquite e do divórcio
O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém

E há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais
Se os pais amassem
O divórcio não viria
Chamam a isso de utopia
Eu a isso chamo paz.

Padre Zezinho

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

CORDEL DA CERTIFICAÇÃO (E VIVA SÃO JOÃO!)



OLÁ MONITORA KELLEN
VAMOS BRINCAR O SÃO JOÃO
MILHO, LICOR E CANJICA
FAZ PARTE DA TRADIÇÃO
PAMONHA FORRÓ E BAIÃO
O SANFONEIRO TOCANDO
EITA, VIVA SÃO JOÃO!

O GOVERNO DO PT
PENSOU NA EDUCAÇÃO
SE O PROFESSOR NÃO SE RECICLA
RECEBE AUMENTO NÃO
LEVOU O PROFESSORADO
A SE INSCREVER COM LOUVOR
NA TAL CERTIFICAÇÃO

A TRABALHEIRA FOI GRANDE
ATÉ CHEGAR A CONCLUSÃO
DESTE CURSO DO ESTADO
NA FORMAÇÃO DE CIDADÃO
A INCLUSÃO DIGITAL
LEVOU ALUNO E PROFESSOR
A INTERAGIR COM EMOÇÃO

FORAM DOIS ANOS DE LUTA
MAS CHEGOU A CONCLUSÃO
TANTAS ATIVIDADES A RESPONDER
E LEITURA DE MONTÃO
TUDO POR UMA BOA CAUSA
A BAHIA MANDOU BEM
MELHORANDO A EDUCAÇÃO

MAS AINDA ASSIM PRECISA
SE FAZER É MUITO MAIS
SÓ DESENVOLVE UM PAÍS
SE SEU POVO FOR LETRADO
MUITO BEM MONITORADO
INCLUÍDO CIDADÃO
NUMA BOA EDUCAÇÃO

RECICLAR O PROFESSOR
É BOM, VOCÊ PODE VÊ
MAS A VALORIZAÇÃO
ESSA PODE ACONTECER
SE ESSES TAIS HOMENS DA LEI
SE PROPUSEREM DE VEZ
A INVESTIR PRA VALER.

COITADA DA PRÓ JOSINETE
NEM PÔDE SE DIVERTIR
NO SÃO JOÃO ARRETADO
NÃO PODENDO ELA CURTIR
ESTANDO MUITO OCUPADA
E UM TANTO PREOCUPADA
AS TAREFAS CONCLUIR

TODOS SALTANDO FOGUEIRA
TOCANDO FOGOS E DANÇANDO
E EU NA FRENTE DA NET
RESPONDENDO ATIVIDADES
COM TODA FORÇA E CORAGEM
LENDO TEXTO COM VONTADE
E VIVA A CERTIFICAÇÃO!

NÃO TOMEI UM SÓ LICOR
NÃO COMI TAMBÉM PAMONHA
A CANJICA E O QUENTÃO
SÓ COMI UM MILHO ASSADO
AMENDOIM FOI TORRADO
QUE DONA NEIDE DO BAR
MANDOU-ME PRESENTEAR

NÃO DANCEI O SÃO JOÃO
NEM O SÃO PEDRO TAMBÉM
MAS CONSEGUIR ME DIVERTIR
SEM NENHUMA FRUSTRAÇÃO
DEBAIXO DO COBERTOR
APÓS FAZER AS TAREFAS
DO CURSO DE PREPARAÇÃO

NÃO ESTOU A RECLAMAR
OLHEM BEM, PRESTEM ATENÇÃO
POIS TUDO QUE CAI NAS REDES
VIRA UM TUMULTO DANADO
ASSUMO AQUI MEU RECADO
ISTO COM MUITO CUIDADO
SENDO EU A CIDADÃ

OXENTE, TEM NADA NÃO
QUERO GANHAR UM TIQUINHO
NESTE LINDO CONTRA CHEQUE
NÃO É SÓ POR GRANA NÃO
SOU UMA MÃE E PAI DE FAMÍLIA
TUDO QUE QUERO NA VIDA
É HONRAR A PROFISSÃO

HONRAR MINHA PROFISSÃO
É DEVER E OBRIGAÇÃO
NÃO SOMOS RECONHECIDOS
DEIXA PRA LÁ MEU IRMÃO
GOSTO DE SER PROFESSORA
MESMO SEM EIRA NEM BEIRA
AMO A MINHA PROFISSÃO.

COM OS MEUS VERSOS
PROCURO SEMPRE EXPRESSAR
ESTA MINHA GRATIDÃO
SOU PROFESSORA DE HISTÓRIA
COM GRAÇA, HONRA E GLÓRIA
QUERO DEIXAR NA HISTÓRIA
REGISTRO DESTA NAÇÃO

DO LICOR NÃO ESQUECI
DA PAMONHA E DA CANJICA
DO BOLO DE MILHO E PUBA
NÃO ESQUECI DE FAZER
TAMBÉM MINHAS OBRIGAÇÕES
ESTANDO EU ISENTADA
DA TAL RECUPERAÇÃO

MAS EU NÃO POSSO DEIXAR
DE TAMBÉM AGRADECER
AOS COLEGAS E AOS MESTRES
QUE FIZERAM ACONTECER
TROCANDO CONHECIMENTOS
INTERAGINDO A TODO TEMPO
PARA PODERMOS APRENDER

ESTOU DE JUÍZO QUENTE
DESDE QUANDO COMEÇOU
ESTE CURSO DO ESTADO
EITA POVO, QUE HORROR
NÃO TENHO TEMPO PRA NADA
ESTA É UMA GRANDE JORNADA
VIDA PERVERSA, SENHOR!

MADALENA DE JESUS
É VERO O QUE TENHO A DIZER
QUANDO ESCREVO OS MEUS VERSOS
SEMPRE LEMBRO DE VOCÊ
SENDO UMA PROFISSIONAL
E ESTA MULHER CAPAZ
QUE FAZ TUDO ACONTECER

AQUI TERMINO OS VERSOS
SEM RIMA E SEM PROTESTO
APRENDENDO DIA-A-DIA
O APRENDER A APRENDER
É COMO SÓCRATES DIZIA
EU SÓ SEI QUE NADA SEI
EM SUA FILOSOFIA.


JOSINETE MARIA DA SILVA

FEIRA DE SANTANA, 23 DE JUNHO DE 2015

domingo, 9 de agosto de 2015

EU NÃO QUERO SER CUMPRIMENTADA NO DIA DOS PAIS



Eu confesso que nunca gostei de ser cumprimentada no Dia dos Pais, embora assumindo sem restrições a minha condição de mãe solteira, não por decisão, mas por circunstâncias que não vem ao caso mencionar. Na verdade achava meio estranho, afinal sou mãe e isso é tudo. Até porque conheço, como ninguém, o verdadeiro significado da palavra “PAI”. Essas três letras honradas em toda a plenitude por meu pai, Amílcar de Jesus, responsável por tudo que sei e sou.

E hoje, no tradicional segundo domingo de agosto do décimo primeiro ano sem a sua presença física, lembro de mais um de seus ensinamentos que carrego comigo o tempo inteiro. “Não tente ser pai e mãe, pois corre o risco de não conseguir ser nem uma coisa nem outra; seja mãe, e já está de bom tamanho”. E dizia mais, diante de meus argumentos nada convincentes: “Pois é, ser mãe já é tão difícil!”

E é mesmo. Mais do que nunca, sei disso. Sei também que, como pregava o sempre sábio Zinho, “tem situação em que pai é supérfluo”. Talvez eu discorde do termo e use outro, mais brando. Mas juro que ainda tenho dificuldade em entender o comportamento de algumas espécies masculinas diante da paternidade.

Alguns acham que ser pai é garantir as despesas; outros, que basta estar presente; há ainda aqueles que apenas amam, de longe; e enfim, os que simplesmente não acham nada... Este último, sem dúvida, o pior dos casos. Porque até mesmo o desamor é suportável, porém nada é capaz de apagar a dor causada pela indiferença e os estragos que a ausência deliberada na vida de um filho pode gerar.

Por isso, não me canso de render homenagens ao homem que consegue se fazer presente em todos os momentos de minha vida, mesmo depois que passou a viver em outra dimensão. Nesses 11 anos sem conviver com ele, pelo menos nesse plano, não há um dia sequer que não recorde os seus conselhos, não siga seus exemplos, não exercite o amor de filha exatamente como me ensinou. Na medida certa. E com todo respeito.

Madalena de Jesus

domingo, 2 de agosto de 2015

ORLANDO ORFEI, UM DOS MAIORES NOMES DO CIRCO



Fundador do Circo Nazionale D'Itália e do Tivoli Park e um dos maiores nomes do circo mundial, o artista Orlando Orfei morreu na noite de sábado (1º) , aos 95 anos. Ele teve pneumonia e estava em coma induzido desde o dia 16, no Hospital do Coração de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Orlando Orfei é da quinta geração de uma família circense. A tradição começou em 1820, quando o bisavô dele, que era padre, largou a batina por amor. Orlando Orfei nasceu 100 anos depois, em 1920, na Itália, e começou no circo aos cinco anos de idade, como palhaço. Também foi equilibrista, malabarista, mágico e domador.

O artista veio ao Brasil no final da década de 1960, para o Festival Mundial do Circo, e se apaixonou pelo país. Em 1969, inaugurou o Circo Nazionale D'Itália, em São Paulo, e, em 1972, fundou o Tivoli Park, no Rio de Janeiro. Durante duas décadas, o Tivoli foi um dos parques de diversões mais famosos do país.

Notícias ao Minuto 

sábado, 1 de agosto de 2015

AGOSTO, MÊS DE VENTOS FORTES



Agosto, “mês de ventos fortes”, é um dos mais especiais do ano. Ainda assim, em torno dele se formaram muitas superstições, de tal sorte que o oitavo mês do ano é hoje rodeado de muito folclore. Quanta infâmia! Tanta coisa especial envolve esse mês… Quantas pessoas especialíssimas, leoninas e virginianas, têm neste mês o seu feliz natalício… Quantas coisas importantes aconteceram neste mês, tais como: o primeiro homem foi eletrocutado numa cadeira elétrica; o suicídio de Getúlio; a morte de Juscelino; a renúncia de Jânio; a renúncia de Nixon à presidência dos Estados Unidos… Gente, quanta injustiça com o mês do imperador Augusto! Só pode ser inveja ou despeito! Seja como for, se você é desses (ou dessas) que vive injuriando este mês, segue abaixo uma genial crônica de Caio Fernando Abreu, com algumas sugestões para você atravessá-lo. :)

Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro — e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros angúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.

Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente, agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos – ou precauções — úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia categoria originalidade… Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo ZAP!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu — sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.

Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques — tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas — coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos.

Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco.

Caio Fernando de Abreu ( (1948 - 1996) foi um jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro, nascido em Porto Alegre (RS), considerado um dos expoentes de sua geração)