domingo, 14 de junho de 2015

SETE VIDAS OU A ARTE DE CONTAR BOAS HISTÓRIAS




A novela das seis geralmente é caracterizada por trazer à cena narrativas leves que vão preparando o telespectador gradativamente para os horários posteriores das 19, das 21 e, mais recentemente, das 23. A sequência seria mais ou menos assim 18/19/21/23, leveza/humor/peso/peso-pesado, gradação baseada na densidade das tramas e complexidade das personagens.

A atual trama das 18:00 da Rede Globo, Sete Vidas, de Lícia Manzo (já havia mostrado seu talento em A vida da gente) experimenta um doce sucesso, mesclando dosadamente essa gradação. A um só tempo ela retempera o quarteto leveza/humor/peso/peso-pesado, a partir de uma história muito bem construída através das Sete Vidas anunciadas no título. Essas Sete Vidas, na verdade oito contando com Júlia (Isabelle Drummond), jovens que têm por ligação serem filhos de um mesmo doador, funciona como um catalizador para as outras tramas paralelas que, de alguma forma, se interligam com essa árvore genealógica de vanguarda. Note-se que não se trata de um mesmo pai e sim de um mesmo material genético, o que já é por si inovador, pois o tema é muito novo e suscita muitas dúvidas quanto à legitimidade desses laços.

A novela tem sido uma grata surpresa ao trazer para nossa sala temas como psicanálise, crianças especiais, dislexia, novas composições familiares, ecologia, vocações e etc., sem ser panfletária ou moralizante. Mas, de fato, no que ela é melhor é no tratamento que dá as diversas relações humanas, explorando com muita delicadeza os meandros dos relacionamentos. Sejam eles fraternos, maternos, paternos, conjugais, profissionais e entre amigos, a vida vai seguindo através de diálogos impecáveis que nos prende no sofá por uma hora, torcendo para ouvir de novo a bela música e imagens da abertura assim que acabam os comerciais. Nessas relações há um destaque especial para os amores maduros, para as mulheres fortes ao lado de homens vacilantes e para os amigos à toda prova.

Outro aspecto que chama a atenção e traz frescor para a história é a ausência de vilões. Aqui não há o velho maniqueísmo que sustenta a literatura há milênios, o inimigo somos nós mesmos, nossos desejos e nossas escolhas. Não há um mal a combater e sim nossas fraquezas e angústias cotidianas na busca da felicidade. Some-se a isso a presença de grandes atores de diversas gerações e formações diversas (Regina Duarte, Domingos Montagner, Cyria Coentro, Débora Bloch e o jovem Guilherme Lobo, brilhando como Bernardo), trilha sonora refinada e uma pujança de referências culturais (ópera, literatura, pintura).

Eis uma belo mosaico do humano. Leve sem deixar de tratar dos temas pesados da vida, bem-humorada mesmo quando o assunto é peso-pesado. Assim como a vida, a dos outros e a da gente, sejam de sete pessoas ou de todos os seu múltiplos.E a fórmula é muito simples: Todo mundo gosta de ouvir boas histórias e, como o sultão de Sherazade, vamos acompanhando e esquecendo dos nossos próprios enredos... É a magia da ficção.

Alana Freitas, professora de Literatura

quinta-feira, 4 de junho de 2015

EDUCAÇÃO, AMOR E FRATERNIDADE ENTRE AS GERAÇÕES



Cauê Nery: Biólogo, permacultor, educador social e camponês


Através da trajetória de vida, estou aprendendo acerca da importância entre mestres e discípulos, professores e alunos, e como essas relações contribuem para a evolução dos seres humanos neste planeta. Assim como as abelhas, as pessoas comumente se comportam em sociedade, e para que uma sociedade funcione positivamente a cooperação é necessária. Tratando-se dos homens, em especial, que por sua vez são dotados da racionalidade e, com efeito, de sentimentos, creio ser fundamental a existência do amor.

O amor pode ser definido como o sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem. Sendo também encaixado nos fundamentos de grandes mestres da humanidade que procuraram ensinar a prática do amor em sua totalidade, como fez Jesus Cristo. Aliada a este nobre sentimento está a fraternidade, que se baseia essencialmente em amar ao próximo.

Nos dias de hoje, sentimentos como o amor e fraternidade e a prática da cooperação padecem perante a um modo de vida deficiente das necessidades integrais dos seres humanos. Talvez por conta das enormes desigualdades sociais, da violência e da falta de conexão com a natureza, a humanidade trilha um rumo obscuro e isso é claramente refletido nas crianças e adolescentes que frequentam as escolas.

Pois, em verdade, os mais jovens colhem o que foi plantado pelas gerações anteriores, e este é um fluxo contínuo. Logo, partindo desse princípio, é possível transformar algumas realidades nos âmbitos escolares com efetivos ensinos de cooperação e fraternidade. Os meios pelos quais se possa construir essa ideia são adaptáveis a cada faixa etária e pelas situações do meio ambiente onde acontecerá o trabalho, no caso, a própria escola ou espaços públicos comunitários.

Dessa forma, a esperança que esta geração que hoje está nas salas de aula, enquanto educandos, possa aprender como plantar boa semente para que a próxima geração no futuro tenha uma boa colheita é a motivação maior que me conduz a buscar continuar o trabalho com educação. Afinal, neste planeta a vida se difunde no tempo e no espaço, de acordo com o princípio da sucessão natural.

Cauê Nery


quarta-feira, 3 de junho de 2015

segunda-feira, 1 de junho de 2015

PAINEL DE ARTE DA RODOVIÁRIA DANIFICADO




Um dos sete painéis de arte existentes no Terminal Rodoviário de Feira de Santana está danificado em sete peças, apresentando um estrago justamente  acima da entrada do sanitário. O responsável pelo Terminal, o sr. Gustavo Pluma, disse que já mandou ofício para a Secretaria de Transportes  do Estado e para outras autoridades pedindo providências, uma vez que  deve ser um conserto especializado.

Há cerca de dois meses, as peças caíram da parede parecendo que foi devido à infiltração de água ou mesmo má  colocação. A última reforma dos painéis foi mais ou menos no final da década de 1990, quando foram restaurados pela técnica Ana Maria Villar, sob orientação do IPAC e o do CUCA/ UEFS). Anteriormente, alguns painéis tinham sofrido uma agressão por parte  de administradores do Terminal que  iriam colocar uma parede apoiada em um deles, pensando até em escondê-lo do público.

A SINART, empresa que administra o Terminal,  vem dividindo-o e criando espaços com a finalidade de explorar aluguéis de lojas e serviços, embora muitos achem que o Terminal naquele local já está saturado e superado, estrangulando hoje parte do trânsito  de ônibus pela cidade. Isto tem ocasionado o estabelecimento de outros pontos de paradas de ônibus  pelo centro  e pela avenida de  Contorno em postos de combustíveis.
   
Quando o Governador Lomanto Júnior  a construiu em l966, Feira  era uma cidade de somente uns 100 mil habitantes. Atualmente, estima-se que possua uns 700 mil.Todos  são unânimes em reivindicar uma nova Rodoviária, mais afastada e que atenda a demanda das linhas de ônibus que por aqui passam.

Assim, além do desvio de rotas e de outras paradas, aumenta  o número de veículos que fazem transporte clandestino de passageiros, notadamente para a capital.
                                 
OUTRO TERMINAL

Quanto aos painéis do artista  Lênio Braga, eles ficam sempre à mercê da falta de espaço para que o público e os  amantes de arte  desfrutem da sua visão, sempre obstruída por balcões e quiosques  à sua frente, com essa exploração de espaços para outros fins. A sua remoção para outro local como a do campus da UEFS, não fará o Terminal ficar  ideal para seu uso. Assim, as autoridades deveriam destinar outro local e oferecer vantagens para que a SINART  construa e explore um novo terminal por uma quantidade de anos. Como a SINART procedeu em Salvador e que até o momento funciona bem.
 
Em relação ao prédio atual da Rodoviária, poderia ser destinado ao acervo do Museu Regional de Arte, o qual tem a maior parte guardada e não exposta pois o o CUCA não tem espaço adequado., bem como suas instalações são inadequadas com janelões tomando espaços, além de  seu madeirame exigir sempre uma vigilância e combate a pragas, notadamente cupins. O prédio do CUCA assim serviria bem para um centro cultural com aulas de arte em geral, o que vem há anos fazendo a contento.


Texto e foto de Franklin Maxado