sábado, 11 de maio de 2019

ESSA MÃE REAL


Seu nome, qualquer que fosse,
rima perfeitamente amor e dor.
Das dores ninguém quer saber.
A dor é solitária para elas.
Seu nome poderia ser ‘Diuturnamente’,
porque ‘Noturnamente’, soa palavrão.
Mas que mente (um tantinho), mente.
Constantemente, para te fazer feliz.
"Dormiu bem, meu bem?"
"Como ninguém."
"Está sentindo alguma coisa?"
"Nada, já passou!"
"Gostou do presente que te dei?"
"Gostei... é a minha cara!"
E as noites passam, e os dias também.
O corpo cansa... os cabelos já, brancura, têm.
Amores elas os tem. Porém,
mais nos doam, menos retêm...
Os filhos crescem e vão além.
As atenções, rareiam e elas já nem sabem
a que horas vêm, ou as têm
Talvez um certo dia,
na data marcada,
na hora do almoço
na folga de alguém...
Elas dirão: “É a vida.”
Talvez, a que aos filhos convém.
E essa falta que sentem
É das dores que tem
Teve alguma atenção?
Só a que a nos convém.
Você a convidou, a certa hora,
para dar, e não receber, cafuné?
O café da manhã a postos
Foi preparado para ela?
Alguém, todo retorno da tarde,
declarou em carinhos seu amor?
Camas arrumadas? Banheiros perfumados?
As coisas feitas na hora que ela precisa?
E não apenas na que se puder? Ou se quiser?
Podem chamá-la de Mãe!
Pode ser naquele dia de consumo.
Mas não nos esqueçamos que Ela
Dedica a nós, dia a dia, todo seu sumo.
Alguém haverá de dizer
“Amo-a toda hora!”
Mas os gestos que ela dedica
Ninguém os resgatam na vida única.
Repetir seus diários
Seus pequenos gestuais
em nada nos prejudica.
Na real, ser Mãe só amor
é uma coisa bendita.
Mas mãe também sente dor.
Fica a dica!
E para curar toda dor,
só com AMOR se medica.
Esse é o que mais ela dá,
Mesmo quando (finge) não esperar
dos amados a recíproca.

Salomão Gomes

Nenhum comentário:

Postar um comentário