sábado, 12 de setembro de 2020

UMA SEXTA-FEIRA A MENOS



Ainda sem me refazer do susto com a notícia da morte súbita de Zequinha, que criou um ponto de encontro para pessoas com os mais diversos perfis, pensei em escrever sobre a sua relação com os jornalistas dessa Feira de Santana. Por alguns instantes desejei que a informação fosse fake e percorri vários grupos de whatsapp com a indagação, sempre com respostas afirmativas, que logo em seguida estariam também nos sites e blogs da cidade. Ainda buscava na memória momentos da concentração do Zero Hora e do Filhos da Pauta quando encontrei esse belíssimo texto de Armando Sampaio (como ele escreve bem!). Entendi que eu não precisava dizer mais nada. (Madalena de Jesus)

Hoje não sextou! 

Esse dia é marcado há anos por um compromisso atado na amizade, na leveza do convívio fraterno, no amaciar os solavancos da vida ocorridos durante a semana. A partir do meio da tarde até quando o corpo resistia ou a vontade era saciada, estávamos no templo dos amigos, jogando conversa no passeio semi protegidos, seja do sereno, do frio, da chuva ou qualquer outra intempérie. 

Aqui é nosso reduto, todos são boêmios, mesmo sendo médicos, professores, pastores, comerciantes, estudantes, ranzinzas, boas praças, íntegros ou respeitosamente mentirosos. Com maestria, com facas e espetos nas mãos o Mestre da carne, piloto das brasas, regulador dos exaltados, estava dando as cartas, as broncas com seu riso disfarçado, para sugerir uma brabeza que era só aparência. 

O maestro retirou-se da cena! Não haverá aglomeração, tumulto, eco de soluços ou o correr de algumas lágrimas. 

Zeca foi sem escolher a hora, não despediu dos amigos. Esse ano de tantas extravagâncias teve uma sexta-feira a menos.

Armando Sampaio é empresário.

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