domingo, 20 de junho de 2021

ELAS, ELAS E & ELAS

 


                    Sabe aquela mania de recortar jornal e guardar textos interessantes? Pois é, ainda tenho. Foi assim que reuni muitas pérolas dos meus inesquecíveis amigos Hugo Navarro e Egberto Costa.     Mas sobre esta crônica que segue eu cometi um grave erro: não anotei a data da publicação. Pela temática, deve ter sido no mês de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher. Sei              apenas que ainda fazia parte da grande – em todos os sentidos – equipe do Jornal Folha do Estado. O autor é o cronista da cidade Jânio Rêgo (*). 


Você tem que escrever sobre a mulher, determina Célia Farias, assim que entro na redação aqui do Folha. Há muito capitulei diante da doce ditadura feminina e obedeço a maioria das ordens partidas delas. E no caso, como posso me negar a Célia, se é ela que, todas as manhãs, espera, pacientemente, eu parir estas linhas para serem diagramadas neste espaço?  

Mas escrever o que?, me pergunto angustiado, diante da tela em branco do computador, enquanto adentra a sala a nossa telefonista diplomata Karine, com aquele andar que só elas têm. Sobre as alegrias que algumas nos proporcionam como amantes, mãe, amigas? Sobre a tristeza de vê-las dizer adeus? Ou quem sabe, talvez sobre os filhos e filhas que já nos deram? – penso, enquanto olho Aidil, nossa ágil digitadora, caminhar lento, barrigona de quatro meses, a me lembrar o poema de bandeira sobre as grávidas. Desisto, desisto de ir por esse caminho longo demais, onde me faltariam palavras para dizer da dor da distância das filhas que vão se tornando mulheres, mas, no entanto, estão sempre perto na geografia do nosso amor. 

Quem sabe sobre a amizade, a terna e segura amizade feminina, aonde deságuam mágoas de amor nunca curadas? Não, não, é romântico demais para um rude como eu, que às vezes mal cumprimenta nossa diligente Gel, controladora de gastos e notas fiscais, no rosto de quem nunca falta um sorriso amável. Talvez sobre o trabalho? Sobre as heroínas? Sobre o bom humor com o qual elas enfrentam as vicissitudes, assim como faz nossa diretora Margareth? Que nada, é muita pretensão para minha pouca capacidade de juntar letras e raciocínios, virtude que encontro na jornalista Madalena de Jesus, não em mim, um pobre cronista diariamente desesperado à cata de assunto para preencher a lacuna do tempo e do espaço.

Melhor não escrever nada de especial sobre elas nesse dia. Quem sabe ofertar uma rosa? É, é isso mesmo, ofertar uma rosa, uma piegas rosa vermelha diante de um altar individual e imaginário onde estejam representadas a nossa origem e a nossa felicidade de viver. Uma rosa para agradecer a todas elas, mulheres.

*Jânio Rêgo é jornalista 


Um comentário:

  1. "Mágoas de amor nunca curadas". Bem forte! Crônica que nos homenageia de forma plena. Belíssima homenagem para nós, mulheres...

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